"Antes eu saía, bebia e dirigia. Com o aumento do rigor da lei seca em 2012, mudei esse hábito", declarou o jornalista Carlos Leal, 42. O depoimento reflete o resultado de uma pesquisa nacional, feita recentemente pelo Ministério da Saúde, que mostra redução de 35,2% no percentual de adultos que admitem beber e dirigir na capital baiana em 2015 comparado a 2012.
Em 2015, 4,4% da população da cidade declarou que dirigia após o consumo de qualquer quantidade de álcool, já em 2012 esse número era de 6,8%. Os homens (8,8%) assumem mais a infração do que as mulheres (0,8%).
A bióloga Jácia Uzeda, 40, adota ao sair a estratégia de revezar com os colegas quem vai ficar sem beber para dirigir: "Se eu tiver dirigindo, não tomo nem um gole. Além do medo de acidentes, tem a multa que é muito alta".
Desde 2006, a Pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico é feita nas capitais brasileiras e no Distrito Federal. Em 2015, 72 mil pessoas (maiores de 18 anos) receberam ligações para responder ao questionário no país.
"Os números mostram que as pessoas ficaram mais preocupadas e houve uma mudança de comportamento de risco", disse a diretora do Departamento de Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde (MS), Fátima Marinho.
Flagrantes
O número de pessoas flagradas pela Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador) com índices acima de 0,30 mg álcool/litro de ar expelido enquanto dirigiam caiu quase pela metade na capital baiana na comparação entre os anos de 2012 (73) e 2015 (38).
As abordagens subiram 93% – de 19.217, em 2012, para 37.193 em 2015. Já o número de autuações multiplicou-se em quase 4,5 vezes, passando de 1.308, em 2012, para 5.857 em 2015, de acordo com dados fornecidos pela Transalvador.
O superintendente de Trânsito da capital baiana, Fabrizzio Muller, atribui os índices positivos ao incremento, a partir de 2013, das blitzes diárias. "Notificamos e abordamos mais, isso tira a sensação de impunidade. Hoje, há um respeito às abordagens e uma maior consciência da população, todo mundo já teve algum conhecido pego em blitz, isso faz com que tenham mais cuidado", disse.
Especialista em trânsito e professor da Escola Pública de Trânsito do Detran, major Luide Souza acredita que o resultado da pesquisa é reflexo do aumento da fiscalização pela Transalvador, Polícia Militar (PM) e Detran e a efetiva aplicação da lei.
"Há uma preocupação em perder a carteira de habilitação. Em 2015 e 2016, 150 mil pessoas foram notificadas pelo Detran com a suspensão do direito de dirigir", informou.
A punição aplicada pode variar de 8 a 12 meses e, em caso de reincidência, de 16 a 24 meses. "É muito duro deixar de andar de carro, pois o transporte de massa é ruim", opinou.
(Reprodução: Site A Tarde on line)