Bahia

APLB diz que Câmara agiu com violência para aprovar o PME

Nem APLB; nem o vereador HC falam que os manifestantes agrediram os vereadores com insultos

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“Cenas de um filme de horror”. Este foi o cenário da sessão realizada na Câmara de Vereadores de Salvador na tarde de terça-feira (14), durante a votação do Plano Municipal de Educação (PME). A direção da APLB-Sindicato repudia veemente os atos de violência e agressões praticados pelos policiais contra as pessoas que ocupavam a galeria do plenário, trabalhadores em educação, estudantes, profissionais da imprensa e de outros setores.

Repúdio à postura do presidente da Casa, vereador Paulo Câmara que presidia a sessão plenária e proferiu ordens para que os policiais agissem com rigor e, se preciso, usassem o método da força para “manter a ordem”.

Além de lamentar o ocorrido e manifestar solidariedade aos estudantes e pessoas agredidas, a APLB-Sindicato defende “uma apuração rigorosa do fato para que situações como estas não voltem a acontecer, causando a sensação de insegurança entre os cidadãos que desejam acompanhar de perto as votações que ocorrem na chamada “Casa do Povo.” Esse tipo de postura não representa o povo”. A diretoria da APLB-Sindicato inclusive já buscou denunciar a ação violenta junto ao secretário Josias Gomes, da Secretaria de Relações Institucionais (SERIN).

NOTA DE HILTON COELHO

Sirvo-me da presente para elucidar os fatos ocorridos na “Sessão dos Horrores” da Câmara de Vereadores de Salvador, no dia de ontem. Na sessão, o Projeto de Lei do Plano Municipal de Educação (PME), imposto pelo prefeito ACM Neto contra Salvador, contendo diretrizes para privatizar a educação na cidade, sem diagnóstico da situação educacional e sem qualquer debate com a sociedade, era a principal pauta da ordem do dia.  Durante a discussão, o vereador Henrique Carballal (PV) desferiu um murro frontal contra meu rosto. Uma agressão absurda, reflexo da conduta oportunista que o caracteriza. Meus óculos foram parar no chão. Felizmente o murro não acertou em cheio meu rosto, pois, como foi frontal, poderia ter quebrado a lente e atingido a minha visão. No dia anterior (13), o mesmo vereador Carballal esmurrou um estudante, que protestava contra o PDDU golpista do prefeito.

Na sessão em que ocorreu representantes da bancada da base do governo, subiram à tribuna para defender o indefensável projeto do Executivo, incitando o ódio contra a luta das mulheres, homossexuais e outros movimento sociais ligados à questão de gênero. Em contramão às lutas que tem sido travadas, discursos como estes legitimam as violências vividas por estes grupos a exemplo do estupro coletivo de uma adolescente e o assassinato em massa de mais de 50 pessoas em uma boate gay em Orlando (EUA), além dos dois professores que morreram carbonizados no município de Santa Luz, no interior da Bahia. Devemos lembrar que, no dia anterior a sessão (13) fez um mês do brutal assassinado de uma professora, em uma escola municipal de Salvador.  Subi à tribuna para combater este discurso e afirmei a importância da discussão do tema e da violência que ocorre pela ausência de debate, o que visivelmente incomodou a bancada do governo.

Após a aprovação do PME, que, com o nosso voto contrário e de outros oito vereadores que honram esta Casa Legislativa, alguns representantes do Movimento Social pularam as cercanias do plenário para protestar contra o golpe na Educação Municipal que o referido projeto representa.  Filho da tradição da Casa Grande, dos que ordenaram os Massacres contra os Malês e a Revolta dos Búzios, o vereador Paulo Câmara (PSDB), presidente da Casa, ordenou que a força policial retirasse “de qualquer forma” os manifestantes. Alguns foram simplesmente “arremessados” para fora da galeria, ferindo a cabeça. Uma professora que usa marcapasso foi agarrada pelos cabelos e também expulsa.

Diante deste cenário, tentei impedir a continuidade da violência contra os manifestantes, mediando com os policiais presentes a solução pacífica. Neste momento, o vereador Joceval Rodrigues (PPS), que já estava incomodado com nossa argumentação contra sua postura conservadora, chegou por traz de mim e me desferiu covardemente um chute na perna. Este mesmo vereador já tinha agredido uma advogada militante dos movimentos sociais no mês passado, mostrando sua real face violenta. Imediatamente me virei e fui questioná-lo do motivo da agressão, chamando-o de “covarde”. Outros vereadores me seguraram e, enquanto estava imobilizado recebi o murro do vereador Carballal.

As agressões de que fui vítima, vinda de vereadores da base de ACM Neto na Câmara, só podem ser atribuídas à ação política do nosso mandato, em contrapor os interesses privatizantes que marcam a gestão de ACM Neto, bem como os projetos regressista de direitos encaminhados pelo Executivo, que se inserem em um contexto de violência aos movimentos sociais. Tomamos as atitudes cabíveis ainda na noite de ontem, quando fizemos Boletim de Ocorrência junto à 1ª Delegacia de Polícia contra os dois Vereadores e ingressaremos com representação contra ambos.

Atitudes como esta devem ser absolutamente reprovadas pela população de Salvador. Estes dois senhores não têm estatura moral e dignidade para continuarem na condição de vereadores desta cidade, que sempre foi de luta e de resistência. Nosso mandato não recuará um milímetro face à violência daqueles que querem vender a nossa Cidade.

 

Salvador, 15 de junho de 2016.

 

 

Vereador Hilton Coelho

(PSOL)

(Reprodução : Bahia Já )