Política

Sem "novo Lula", esquerda precisa adotar estratégias para se renovar, dizem especialistas

Presidente Lula (PT) é o principal nome da esquerda no Brasil há anos

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR

Uma das preocupações da esquerda no país, já há algum tempo, é de quem será o sucessor do presidente Lula (PT) quando ele deixar a política. Com 77 anos, o principal nome da corrente política no Brasil afirmou, durante a campanha eleitoral de 2022, que não iria tentar um quarto mandato.

No entanto, em fevereiro deste ano, o chefe do Executivo federal já afirmou que poderá se candidatar para o pleito de 2026 diante de, nas palavras dele, "uma situação delicada". Em caso se confirme o cenário, o petista teria, em 2030, 85 anos.

O problema é que essa "concentração de poder" ilustra uma questão: a dificuldade da esquerda de encontrar uma alternativa ao seu político mais bem-sucedido no Brasil. Para especialistas no assunto ouvidos pela Folha, o panorama vai além: a ausência de novas lideranças e, principalmente, partidos políticos de esquerda alternativos ou complementares ao PT – nomes fortes acabaram até surgindo no plano regional, não nacional. Como exemplos, estão o senador Jaques Wagner (PT-BA) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que governaram a Bahia.

Em 2018, sob o efeito da Operação Lava Jato, outros partidos de esquerda ocuparam o vácuo provocado pelo antipetismo, caso do PSB e do PDT. Nenhum deles, contudo, manteve o mesmo patamar quatro anos depois.

Ainda de acordo com esses interlocutores, o PT precisa dar mais atenção ao debate de ideias, para ser menos representado por seus líderes do que por suas propostas. Nessa avaliação, siglas menores da esquerda, como PSOL e Rede, podem contribuir com a formação de quadros. Além disso, há a consideração de que a esquerda precisa redefinir sua relação com a sociedade, comunicar com clareza um projeto e cuidar da renovação, não só de quadros mas também de linguagem.