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Escritora Paula Brito lança livro sobre desafios das crianças em lidar com luto

Autora integra a programação da Festa Literária Arte e Identidade, que acontece este final de semana no Pelourinho

Divulgação
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Considerada fundamental para a formação das crianças, a literatura infantil é uma ferramenta importante para estimular o pensamento, o olhar crítico dos pequenos sobre o mundo, a forma como lidam com o outro e se perceberem no contexto que estão inseridos. Um livro pode ser um importante instrumento quando faltam palavras… Como falar da morte com crianças que perdem entes queridos precocemente? Será que as mães viram estrelas? É o questionamento lançado pela escritora infanto-juvenil baiana Paula Brito em seu mais novo livro que aborda luto e a dor sem tamanho da saudade que acompanha algumas crianças.

A inspiração para seu terceiro livro infantil veio de uma dor familiar. A autora baiana cresceu ouvindo a mãe falar que aos 8 anos perdeu a mãe dela e que, ao lado do pai Totonho da Veia, resolveu por escolha assumir seu lugar para cuidar das irmãs mais novas, uma de 6 e a outra de 3 anos de idade. “Sempre ouvi aquela história e, um dia, acordei com vontade de contá-la. Não fomos orientados a falar sobre a morte, as perguntas em torno deste tema – que muitas vezes – ficam sem respostas. As personagens Lindu e Amora fazem parte da minha e da história de muitas crianças, histórias que precisam ser revistadas na minha escrita”, defende Paula Brito, vencedora do Prêmio Internacional Iberoamericano, El Nevado Solidário de Oro, uma premiação Argentina, no ano 2021.

Como professora de artes, artista visual, escritora e mãe de três crianças, Paula Brito defende que a literatura faça parte do cotidiano das crianças, nas escolas e em casa. “Livros são muito importantes para a imaginação no universo infantil e do adulto também… A literatura retira o leitor do lugar ao qual se encontra, o faz desvendar novos mundos, se desafiar, solucionar problemas que surgem, assumir outros papéis, escrever novas histórias. A literatura liberta!”.

Além da obra Será que as mães viram estrelas?, lançada na Flipelô deste ano, a escritora Paula Brito também é autora dos livros A Menina e o Céu Azul (2018) e Embarcando em uma Grande Expedição (2019). “Cada livro escrito é uma janela aberta para novas conexões, que aproximam pessoas, provocam e transformam olhares”, pontua a baiana que celebra o fato da sua escrita dedicada à literatura infantil estar avançando e contribuindo, principalmente, para o protagonismo negro. “Estamos invertendo a ordem das coisas, fazendo valer a história do nosso povo preto, dos que vieram antes de nós e de muitos outros que ainda estão por vir. Estamos trabalhando muito, lutando, existindo e quebrando as regras estabelecidas”, celebra.

Na visão da autora, os livros são portais que geram conexões com sua própria história. Por isso, participar de festas e feiras literárias, disseminar suas narrativas e promover encontros com outros escritores que admira tem sido seu maior combustível. “No mês passado, estava no Rio de Janeiro, em encontros com leitores na Biblioteca Parque Estadual, na Biblioteca Hélio de la Peña, e nas escolas municipais  e estaduais”, conta. A agenda deste fim de semana é no Centro Histórico da capital baiana. Paula Brito participa do lançamento coletivo Literatura Preta Infanto-juvenil na Festa Literária Arte e Identidade, que vai promover atividades artísticas e literárias com foco na cultura negra entre os dias 5 e 7 de outubro. “É um evento que traz narrativas que têm protagonismo negro, e que visa fortalecer a cultura, a arte, a literatura, além de estimular a leitura. É uma troca de experiências com diversos segmentos, pesquisadores pretos, leitores e com o público”, conclui.