Presentes neste domingo (24) à final da Copa do Brasil para uma ação antirracista do governo federal, os ministros Silvio Almeida (Direitos Humanos) e Anielle Franco (Igualdade Racial) expuseram diferença na utilização do dinheiro público. Enquanto Silvio foi e voltou de São Paulo em voos comerciais, Anielle preferiu um bate-volta entre Brasília e a capital paulista em avião da Força Aérea Brasília (FAB) — cuja operação pode custar até 70 vezes mais do que uma passagem aérea convencional.
O ministro do Esporte, André Fufuca, outro auxiliar do presidente Lula a marcar presença no evento, igualmente chegou de FAB à capital paulista. Ele estava em São Luís (MA), seu domicílio oficial, e segue em São Paulo para outras agendas da pasta. À Coluna, afirmou que pediu a aeronave da FAB de última hora porque seu voo comercial atrasou para decolar, e não havia passagem à venda com chegada a tempo de participar da solenidade com os colegas de Esplanada. A justificativa foi confirmada pela reportagem junto aos registro das companhias aéreas.
“Corri em diversas alternativas de voo comercial. Porém nenhum voo chegaria a tempo da assinatura do protocolo de intenções contra o racismo no futebol”, afirmou Fufuca. “Era uma pauta importante e não poderia deixá-la sem a representatividade do Ministério do Esporte”, acrescentou.
Em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), os três ministros acompanharam neste domingo uma ativação no duelo entre Flamengo e São Paulo, no estádio do Morumbi, batizada de “Com racismo, não tem jogo”. O Disque 100, canal para denúncias de violações de direitos humanos, foi exibido no campo e camisetas com frases antirracistas foram distribuídas às autoridades.
Flamenguista, Anielle acompanhou o jogo com a camiseta do time do coração.
Silvio e Anielle voltam a Brasília no mesmo horário, mas cada um de um jeito
Silvio chegou a São Paulo na noite de sexta-feira, em voo comercial operado pela Gol, acompanhado por dois assessores. No sábado pela manhã, proferiu palestra na Escola Nacional Florestan Fernandes. Na manhã de domingo, junto ao ministro Flávio Dino (Justiça), participou da entrega da Ordem do Mérito ao Padre Júlio Lancelloti. À tarde, participou da ação no estádio do Morumbi e, à noite, retornou a Brasília em voo operado pela companhia Latam.
Anielle Franco saiu de Brasília no início da tarde de domingo e voltou na mesma noite, mesmo horário de Silvio, mas fez uso de voo da FAB. Questionada via assessoria de imprensa sobre o porquê não fez uso de voo comercial, a ministra não respondeu.
O custo aos cofres públicos de viagens em aviões da FAB chega a custar R$ 70 mil. Uma passagem entre Brasília e São Paulo em companhia aérea convencional sai em média entre R$ 1 mil e R$ 3 mil.
Anielle Franco ganhou cargo em empresa por indicação do governo
A ministra da Igualdade Racial coleciona críticas por supostas “mordomias” por ser chefe de pasta da Esplanada. O governo Lula nomeou Anielle Franco e o ministro da Previdência, Carlos Lupi, no conselho de administração da Tupy, metalúrgica multinacional da qual o governo tem participação de cerca de 28%.
A atual composição do conselho da Tupy tem nove membros. Conforme documentos da assembleia geral de abril, a empresa reservou R$ 3.900.486,68 para salários dos conselheiros de administração no período de um ano. Portanto, por mês, cada um deles pode receber até R$ 36,1 mil. O valor se soma integralmente aos R$ 41.650,92 que Anielle e Lupi recebem como ministros.