A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, esclareceu nesta sexta-feira (22) que não demandou o fim da Justiça Eleitoral, ao contrário do que foi interpretado em seu discurso na última quarta-feira (20), no qual ela questionou a relevância dessa instituição.
"Não pedi o fim da Justiça Eleitoral, fui mal compreendida, minha fala foi descontextualizada e mal compreendida dentro do debate de uma proposta que dá anistia aos partidos políticos, das multas, prestação de contas e do processo eleitoral", declarou Gleisi.
A líder petista abordou o assunto durante uma entrevista coletiva realizada no Recife, onde estava cumprindo sua agenda como presidente do PT.
Anteriormente, Gleisi havia expressado críticas severas à atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a votação da PEC da Anistia, argumentando que o tribunal impôs multas impraticáveis aos partidos políticos, representando uma ameaça à democracia. Ela chegou até a classificar como "absurda" a existência de cortes especializadas em eleições.
"Nas minhas palavras, fiz uma crítica bastante contundente, sobretudo em relação ao corpo técnico da Justiça Eleitoral, que frequentemente desconsidera os aspectos técnicos da prestação de contas, introduzindo interpretações e violando jurisprudência", afirmou Gleisi na sexta-feira.
No entanto, a presidente do PT reiterou suas críticas em relação aos custos da Justiça Eleitoral e enfatizou que esse debate deve ser conduzido no âmbito do sistema democrático.
"A Justiça Eleitoral custa três vezes mais do que as campanhas eleitorais. Em uma democracia, todas as instituições estão sujeitas a críticas. Esse debate é saudável. Temos uma Justiça Eleitoral que custa nove vezes mais do que o sistema partidário."
Gleisi também defendeu vigorosamente sua postura em prol da democracia e das instituições democráticas brasileiras.
"É incontestável. Não posso aceitar questionamentos em relação à minha posição em defesa da democracia, das instituições e do processo democrático brasileiro."
As declarações da presidente do PT geraram reações por parte da Justiça Eleitoral. O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, emitiu uma nota na qual classificou as afirmações de Gleisi, embora sem mencioná-la diretamente, como "errôneas e falsas". Ele assegurou que a Justiça Eleitoral continuará a "combater aqueles que são contrários aos ideais constitucionais" e as "forças que não acreditam no Estado democrático de Direito".
Quando questionada sobre a nota de Alexandre, Gleisi expressou seu respeito pelo ministro e afirmou que buscará um diálogo para esclarecer sua posição, embora também reafirme suas críticas.
"Tenho grande respeito pelo ministro Alexandre de Moraes. Não sei se ele teve a oportunidade de escutar minha fala completa. Fiz um discurso de 15 minutos. Ele tomou uma posição em defesa da Justiça Eleitoral em meio ao calor dos debates, muitas vezes com base no que a mídia divulgou da interpretação de minha fala", destacou Gleisi.
"Quero verificar se ainda posso conversar com ele para esclarecer isso, para que ele compreenda exatamente o que eu disse, e também para reiterar as críticas que fiz à Justiça Eleitoral, algo que já fiz em contextos anteriores, como durante as discussões sobre o fundo eleitoral nos anos passados. Minha posição a esse respeito sempre foi clara", concluiu.
Alexandre de Moraes havia sido elogiado anteriormente por sua atuação enérgica nas eleições do ano passado, quando enfrentou os ataques do presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral. Agora, no entanto, ele se encontra em um conflito com uma aliada do chefe do Executivo.
Neste momento, a Câmara dos Deputados está se mobilizando para votar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que concede a maior anistia da história a partidos políticos, sobretudo aqueles que não cumpriram as cotas de financiamento para mulheres e negros.