Os clássicos da literatura infantil nunca morrem, mas podem renascer da criatividade pulsante de novas autoras. Tem sido assim com a professora, poetisa e escritora Palmira Heine, que lança no próximo dia 03 de setembro, na livraria LDM do Shopping Bela Vista, A Cigarra e a Formiga: Uma Aventura em Salvador. O novo livro da autora baiana foi inspirado em uma oficina de contação de história que ministrou em Itaipu, Foz do Iguaçu. “Lá, trabalhamos a fábula tradicional de La Fontaine em que a Cigarra é abandonada ao relento no frio do inverno pela Formiga e acusada de ser preguiçosa por só viver cantando. Quando tive a ideia de fazer a releitura dessa história, trouxe nuances da nossa cultura baiana e subverti a ideia da fábula original, fazendo a formiga aprender a importância da arte em nossas vidas”, destaca Palmira Heine.
Na escrita de Palmira Heine, a Formiga aprende que a arte não é inútil. Ao contrário: cantar é trabalho sério e árduo que traz mais do que compensações financeiras, realização pessoal. E essa descoberta da importância da arte acontece no contato com outros personagens que trazem no nome homenagem a famosas personalidades baianas, como o vaga-lume poeta Lancastro Alves, o grilo Baetano Feloso, o passarinho Bebeto Gil e a Borboleta cantora Bebete Zagalo. “Os livros são uma ótima forma de despertar o valor da arte e da cultura, que alimentam a nossa alma. Vimos isso na pandemia quando tivemos que nos isolar e sentimos falta dos encontros, da arte, da cultura”, relembra Heine.
Museus, parques e pontos culturais da cidade de Salvador fazem parte da ambientação da história, que já é uma marca de Palmira. Em outra obra intitulada Chapeuzinho no Pelô, a menina de capuz vermelho sobe e desce ladeiras do Centro Histórico e não precisa de caçador para se livrar das garras maldosas do lobo que a persegue. Agora, a escritora traz a cigarra para a cena soteropolitana como uma cantora famosa que vai compartilhar a música com outros artistas já renomados da cultura baiana. “Trazer essas questões para crianças é mostrar desde cedo que o olhar para a arte e a cultura deve ser de valorização”, sinaliza a escritora.
Com 20 páginas e ilustrações digitais assinadas pelo designer baiano Tiago Sansou, a narrativa é divertida, lúdica e promete atrair a atenção dos pequenos leitores. E trazer reflexões para os adultos também. “O livro faz uma crítica à produtividade e ao trabalho mecânico e exaustivo, que muitos de nós somos submetidos. É uma mensagem que desperta para a importância de termos tempo para desfrutarmos a vida. E essa é uma temática que pode e deve atravessar a literatura para infâncias”, defende.
Outra mensagem importante trazida nas entrelinhas da fábula repaginada é sobre a sobre amizade. “E também sobre o perdão. A Formiga tem uma nova chance quando se arrepende de ter abandonado a Cigarra no inverno e é perdoada pela amiga. A reconstrução de laços é um bom tema para conversar com as crianças”, sinaliza a escritora.
Sobre a autora:
Nascida em Salvador, Palmira Heine é escritora, poetiza e professora universitária. Mãe de dois filhos, suas grandes fontes de inspiração. Além da vasta obra acadêmica, tem 19 livros infantis publicados. Algumas de suas obras: Mila, a pequena sementinha, Chapeuzinho no Pelô, A dieta maluca das letras, O Sonho Azul, Rã Zinza, A Pergunta do Tempo e A Borboletinha que não quis mais ficar na cozinha. Com textos, poemas e contos publicados em diversas antologias nacionais e internacionais, é também organizadora de publicações de outras autoras baianas.