Seduzido e sorridente com a possibilidade de ter um terceiro mandato à frente da presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o deputado Adolfo Menezes (PSD) pode desfazer um trabalho que ele mesmo fez construir. Em 2017, quando a AL-BA era presidada pelo hoje senador Angelo Coronel (PSD), Menezes foi o autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de número 150, que acabava com a reeleição dentro da mesma legislatura na Casa.
A matéria foi aprovada, segundo o site do próprio Legislativo, em clima de "congraçamento entre os parlamentares, que chegaram a demonstrar ansiedade, antes do resultado ser revelado".
Ontem, indo contra todo "congraçamento", Coronel e Menezes aparecem lado a lado em um vídeo publicado pelo Senador. Na produção audiovisual, Coronel diz: “O que é bom tem que continuar. Ele tem atendido bem aos deputados, tem atendido às expectativas da Casa. Então, nada como Adolfo para continuar presidindo ela. Ou seja: ele vai ser sucessor dele mesmo. Ele pode contar com o meu apoio. Não sou eleitor da Assembleia Legislativa, mas tenho alguns amigos que, com certeza, serão conduzidos para votar em Adolfo Menezes”.
Seis anos atrás, no entanto, o mesmo Coronel classificava a reeleição como "despotismo". "Fato histórico, os 63 deputados votaram. Foi um compromisso meu de campanha e estou aqui mostrando à sociedade que compromisso só faz quem tem condições de cumprir. A Bahia fica livre para escolher os seus deputados e presidentes. E chega de despotismo", disse, ao comemorar o fim da reeleição – que agora ele incentiva.