Desde domingo (20) os pais do adolescente que foi agredido por um grupo de torcedores do Bahia no bairro de Sussuarana, em Salvador, sofrem com as dores do filho. O jovem de 17 anos teve o maxilar quebrado e diversos hematomas espalhados pelo corpo devido à sessão de espancamento.
O pai e a mãe do jovem conversaram na manhã desta terça-feira (22) com o Portal Salvador FM*. De acordo com Jackson Conceição Alves, pai da vítima, a intervenção e o socorro de populares foram fundamentais para que o filho sobrevivesse ao ataque de aproximadamente vinte pessoas. Após o espancamento, o adolescente foi socorrido para o Hospital Roberto Santos, onde foi atendido. "Tomou muita bicuda", resumiu Jackson.
A mãe do rapaz, Vaneci Dias dos Santos, disse que o filho está traumatizado e sem dormir devido às dores. A mulher também afirmou que notícias falsas estão sendo compartilhadas nas redes sociais sobre o jovem. "Ele está sem dormir, traumatizado, se debatendo a noite toda, um terror. Não é fácil ver um filho assim. É um menino com saúde debilitada e agora ficou pior. Além dessa dor, como se fosse pouco, está sofrendo com fake news, dizendo que ele soltou bomba", contou Vaneci.
Depois que vídeos das agressões ocorridas na Avenida Ulysses Guimarães passaram a circular nas redes, supostos envolvidos passaram a disseminar a informação que o jovem agredido seria torcedor do Vitória, integrante da uniformizada Os Imbatíveis, rival da Bamor, e 'não seria santo'.
A informação é condenada pela mãe do adolescente. "Ele não faz parte de jeito nenhum de torcida. É um menino que vive do colégio pra casa e tenho como provar. Não adianta, quando a pessoa está com razão, seu advogado é Jesus. As imagens estão explicitas. Infelizmente, teve o azar de eu o mandar comprar um remédio e se deparar com esse povo", lamentou, acrescentando que o filho simpatiza apenas com o Real Madrid.
Mão no fogo
Os pais do adolescente são moradores antigos do bairro. Eles afirmam que os vizinhos podem comprovar o histórico do rapaz e não o encobertariam se soubessem de algum envolvimento com coisas erradas.
"Queria estar no lugar do meu filho. Até hoje confesso que algumas imagens eu não consegui ver. A gente nunca precisou levantar a mão para ele, que é obediente. É da casa para o colégio. Quem achar que é mentira, pode descer aonde a gente mora. Eu ponho minha mão no fogo. Tem gente que diz: 'Ah, a mãe passa pano'. A gente não passa pano. Ele é um menino inocente. Todas as agressões que meu filho recebeu eu preferiria que fossem em mim. As imagens são duras de ver. Claramente foi uma covardia. Não adianta ficar com foto do meu filho, invertendo, dizendo que ele faz parte de torcida organizada. Pode consultar imagem em estádio, nos jogos, que vocês não vão ver meu filho nunca. Eu só estou falando porque está doloroso ver meu filho passar a noite com tanta dor e no outro dia amanhecer ouvindo que meu filho é isso e aquilo. E ele não é, não é!", pontuou.
Segundo a Polícia Civil, a 11ª Delegacia Territorial de Tancredo Neves instaurou um inquérito policial para apurar os fatos. Três suspeitos foram ouvidos na unidade policial e liberados.
*Com informações no local do repórter Paulinho FP