Na iminência de assumir interinamente o comando da presidência da República a partir desta quinta-feira, 12, o vice-presidente Michel Temer afinou nesta quarta-feira com auxiliares o pronunciamento que deseja fazer à Nação, caso seja confirmado pelo Senado o afastamento de Dilma Rousseff do cargo por até 180 dias. O peemedebista confirmou que vai pregar a “pacificação e a unidade do País”, além da retomada do crescimento econômico.
A declaração será dada em pronunciamento à imprensa previsto para esta quinta-feira, no Palácio do Planalto. Em meio à correria dos preparativos para assumir o comando do País e das negociações com integrantes da futura base aliada, Temer falou ao Estado sobre o seu primeiro discurso como presidente. “Vai ser a pacificação e unidade do País, além crescimento da economia. Vamos tomar medidas para isso”, afirmou o vice-presidente.
Questionado se também anunciará as propostas que o novo governo pretende tomar na área econômica, Temer respondeu: “Vamos usar essa frase genérica, as medidas virão depois”. Segundo ele, por outro lado, a nova equipe ministerial deverá ser apresentada durante o pronunciamento. “O Ministério anuncio amanhã (hoje)”, afirmou Temer.
Redução
A ideia do vice-presidente é reduzir dos atuais 32 para 22 ministérios. Ao longo do dia de ontem alguns dos auxiliares mais próximos de Temer também foram incumbidos de fazerem um raio x na estrutura de cargos comissionados e organizacional do Palácio do Planalto. A intenção é definir o que deve ou não permanecer na nova gestão.
Cotado para a Casa Civil, o ex-ministro Eliseu Padilha disse que o grupo próximo de Temer passaria a noite “concluindo atos que dizem respeito à posse dos ministros”. Segundo ele, já haverá uma primeira reunião ministerial com a nova equipe de governo. Enquanto os assessores faziam o levantamento dos cargos, Temer passou parte do dia de ontem no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência. No fim da tarde a mulher do vice, Marcela Temer, e o filho do casal, que também se chama Michel, chegaram ao local.
Em meio ao entre e sai no Palácio, os arredores receberam reforço da segurança em razão da possibilidade de ocorrer um ato promovido por movimentos sociais e pelo PT após a possibilidade de aprovação da admissibilidade do impeachment no Senado. Comitivas Ao longo do dia, dentro do Jaburu, o vice recebeu comitivas de lideranças partidárias e parlamentares que ainda disputam espaços no primeiro escalão do futuro governo. Entre os impasses surgidos na reta final para a definição da nova equipe ministerial está a tentativa de contemplar a bancada do PMDB de Minas Gerais.
Representantes da legenda no Estado tentaram emplacar o nome do deputado Newton Cardoso Jr. para o Ministério da Defesa. “Temer o convidou. Houve algumas reações de alguns militares, mas é porque o pessoal ainda não o conhece. Vamos dialogar com a tropa”, disse o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), que participou no encontro com Temer e integrantes do PMDB de Minas. Apesar dos apelos, Temer, por meio da assessoria, informou que Cardoso Jr. não será ministro da Defesa. O vice-presidente também recebeu lideranças do PPS e do PSB que ressaltaram que as legendas pretendem ajudar na governabilidade do próximo governo.
“Precisamos de uma pauta para o Congresso, para que o Brasil volte a crescer, tenha emprego e diminua a inflação”, afirmou Danilo Forte (PSB-CE), após deixar o Jaburu. Medidas Segundo ele, tem várias medidas em tramitação na Câmara que podem ser benéficas para o Brasil, entre elas, Desvinculação das Receitas da União (DRU), a revisão da meta fiscal e uma proposta de incentivo aos municípios são as mais importantes. “Espero que para o bem de todos nós. O Congresso, como fez o impeachment, dificilmente não dará sustentação a esse governo. A sociedade vai exigir e o Congresso vai cumprir”, afirmou o presidente do PPS, deputado Roberto Freire.
Também está no radar de líderes dos partidos que devem compor a nova base aliada a tentativa de tirar da presidência da Câmara o deputado Waldir Maranhão (PP-MA), que tentou manobrar para anular o processo de impeachment, mas depois revogou a própria decisão. Conteúdo Estadão.
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