Política

Governo admite derrota, mas aposta em reversão na votação definitiva

O discurso adotado ultrapassou o argumento do golpe e é possível identificar sinais de que os ataques ao governo interino de Michel Temer (PMDB) serão a estratégia adotada a partir de agora

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Diferente da Câmara dos Deputados, quando a base governista insistia que era possível reverter o quadro da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff até os últimos instantes antes da votação, no Senado o tom já transita sobre o depois do afastamento da mandatária. O discurso adotado ultrapassou o argumento do golpe e é possível identificar sinais de que os ataques ao governo interino de Michel Temer (PMDB) serão a estratégia adotada a partir de agora.

A fala do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) exemplifica a situação: os aliados de Dilma colocam o peemedebista como uma ameaça as conquistas da população dos últimos 13 anos e ainda remetem a falecidos políticos como Getúlio Vargas e Ulysses Guimarães para justificar os receios com o eventual governo Temer. Já os oposicionistas adotam um tom celebrativo e comemoram o afastamento de Dilma.

Sugerem, como disse Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que a admissibilidade deve contar com 55 ou 57 votos, acima do total necessário para o afastamento em definitivo da presidente, numa votação posterior e última. E os governistas apostam em números similares e na reversão caso o governo Temer – "ilegítimo", como frisam – não decole. Se na Câmara foi um circo de horrores e de disputas de blefes, no Senado há uma perspectiva mais serena e sem grandes surpresas.

Foto: Reprodução