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Bando de Teatro Olodum leva “A Resistência Cabocla” para o Subúrbio e para estudantes de Salvador

A peça celebra o Bicentenário do 2 de Julho e segue sendo apresentada até o dia 13 de julho para escolas municipais da capital baiana

A Resistência Cabocla _ Foto Letícia França
A Resistência Cabocla _ Foto Letícia França

O Bando de Teatro Olodum vai apresentar no Subúrbio Ferroviário de Salvador nesta sexta-feira, 07, às 19h, o espetáculo ‘A Resistência Cabocla’, que contará com a presença do cantor e compositor Tonho Matéria e da voz off de Lázaro Ramos.  A peça é gratuita e foi produzida para a programação do Bicentenário das lutas pela Independência do Brasil ocorridas na Bahia, organizada pela Fundação Gregório de Mattos da Prefeitura de Salvador. As apresentações acontecem no Espaço Cultural Boca de Brasa Subúrbio 360, em Coutos. 

Para que toda a população possa conhecer a história de resistência do povo baiano contra o domínio português e o protagonismo de mulheres, negros e indígenas para garantir a libertação do Brasil, a apresentação é gratuita. Além disso, nos dias 10, 11, 12 e 13 de julho, haverá duas sessões diárias da peça voltadas para estudantes de escolas municipais, seguidas por bate-papo com a equipe do espetáculo.

Construção coletiva envolve mais de 30 artistas
O texto da encenação é inédito e de autoria do dramaturgo Daniel Arcades. Escrita especialmente para essa celebração dos 200 anos, a obra conta com consultoria da pesquisadora Mabel Freitas e direção de Cássia Valle, Valdinéia Soriano e Leno Sacramento. O músico Jarbas Bittencourt é o diretor musical e compôs canções e arranjos inéditos interpretados por uma banda ao vivo formada pela cantora Irma Ferreira, o cantor Josehr Santos, os músicos Jordan Hohenfeld (guitarra, violão, flauta transversal e surdos), Mário Soares (violino), Welber Crêu (baixo, pandeiro, cavaquinho e caixa), Daniel Vieira, Nine (Percussão), além dos tambores da banda mirim do Olodum. A movimentação coreográfica foi criada de forma coletiva, com a direção do bailarino e coreógrafo Zebrinha e conta com os dançarinos da Uzarte, grupo artístico do Subúrbio de Salvador, que desde 2014 vem reunindo pela arte, jovens e crianças de comunidades da periferia da cidade. A direção de produção é de Sibele Américo da Mil Produções Artísticas.
  
Na peça, o elenco do Bando de Teatro Olodum dá vida a heróis e heroínas ainda ausentes nos livros de História e nas narrativas sobre a independência do Brasil. A peça também dá destaque a personagens como Maria Felipa, Maria Quitéria, o corneteiro Lopes e o indígena Bartolomeu, representante dos primeiros defensores das terras e da natureza do Brasil.

Dois artistas indígenas integram A Resistência Cabocla: Isabela Santana, atriz e poeta da comunidade Pataxó de Itapitanga, no sul da Bahia, e Luiz Caboclo de Cobre, ator e músico nascido em Itajuípe, na Bahia e integrante da comunidade indígena de Xukuru-Kariri, em Palmeiras dos índios, em Alagoas.

Enredo

A Resistência Cabocla conta a história de dois jovens negros que se preparam para participar dos desfiles ao 2 de Julho, em Salvador. Enquanto Luque está ansioso para desfilar como baliza à frente de uma das fanfarras, a musicista Mirna faz vários questionamentos sobre a sua participação nos festejos, especialmente por sentir falta de representatividade negra e feminina no que aprendeu sobre a data. 

A aparição fantástica do Caboclo Tupinambá conduzirá os jovens às imagens históricas das lutas travadas em solo baiano para expulsar as tropas dos colonizadores, que resistiam mesmo depois do 07 de setembro de 1822, trazendo à cena do espetáculo a bravura popular que garantiu definitivamente a independência do país.

“Queremos mostrar que desde sempre nosso povo resistiu por liberdade e que ainda temos muito o que lutar e honrar a coragem dos nossos ancestrais negros e indígenas”, explica Daniel Arcades, autor e diretor de espetáculos premiados como ´NAU´ (Melhor Espetáculo do Prêmio Braskem de Teatro 2022), além de ‘Exú, a boca do Universo’ (2014), ‘Rebola’ (2017), ‘Madame Satã’ (2018) e ‘Erê’, que em 2020 comemorou os 30 anos de criação do Bando de Teatro Olodum.

A Resistência Cabocla tem apoio financeiro da Prefeitura Municipal de Salvador, e integra a programação organizada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, por meio da Fundação Gregório de Mattos, para celebrar o Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia. 

Bando 33 anos de atuação nos palcos
Companhia negra mais popular e de maior longevidade na história do teatro baiano e uma das mais conhecidas do país, o Bando de Teatro Olodum nasce em 17 de outubro de 1990, em Salvador, fruto da parceria do Grupo Cultural Olodum, do diretor Márcio Meirelles e de artistas compromissados com as lutas das comunidades negras e com a valorização da performance e da estética negras.

 Com 33 anos de atuação, mais de 30 espetáculos, filmes e series televisivas,  o Bando de Teatro Olodum vem se destacando na cena brasileira por colocar em prática um complexo projeto poético-político que inclui representar o cotidiano da população negra, combater o racismo, valorizar e divulgar a cultura negra no país, contribuir para a presença ativa do negro na sociedade, promover a conscientização e a construção das identidades negras, capacitar artistas negros, desenvolver dramaturgia e linguagem cênica própria.

Atualmente, a companhia possui uma coordenação colegiada, formada por Cássia Valle Fabio Santana, Jorge Washington e Valdineia Soriano artistas que integram o elenco e atuam também como produtores, e os diretores artísticos: o coreógrafo José Carlos Arandiba, Zebrinha e o músico Jarbas Bittencourt.