Bahia

Desfile do 2 de Julho tem sabor popular, plural e misturado

Ao longo do percurso dos carros do Caboclo e da Cabocla, no Centro Histórico de Salvador, são vários os pontos onde as iguarias, criadas a partir das influências das etnias indígena, africana e europeia e bem avaliadas pelo público, são vendidas a preços populares. Um breve roteiro de degustação de quitutes e bebidas pode deixar a experiência do 2 de Julho mais completa, barata e gostosa, do jeito que o povo gosta.

Bruno Concha / Secom PMS
Bruno Concha / Secom PMS

Celebrar o Bicentenário da Independência da Bahia, neste domingo (2), pode ser também uma oportunidade de saborear a diversidade da gastronomia local, erguida a partir da diversidade dos povos envolvidos na luta pela liberdade. Ao longo do percurso dos carros do Caboclo e da Cabocla, no Centro Histórico de Salvador, são vários os pontos onde as iguarias, criadas a partir das influências das etnias indígena, africana e europeia e bem avaliadas pelo público, são vendidas a preços populares. Um breve roteiro de degustação de quitutes e bebidas pode deixar a experiência do 2 de Julho mais completa, barata e gostosa, do jeito que o povo gosta.

Tapioca – O ponto de partida é o Largo da Lapinha, no bairro da Liberdade, onde o desfile começa e é também ponto de venda das guloseimas que não podem faltar nas festas populares da cidade. No Bora de Tapioca, localizada em frente à Igreja da Lapinha, o nome já diz tudo. A ideia é dar a largada para caminhada de 3,5 km até o Pelourinho, "forrando" o estômago com a iguaria de origem indígena, alimento reconhecido como patrimônio histórico e artístico cultural imaterial brasileiro pela Unesco. Ali as tapiocas tradicionais, com recheios de queijo, mista, calabresa e frango com queijos são vendidas a preços que variam entre R$12 e R$15.

Pastel e açaí – Para quem prefere dar uma mordida cheia de energia na herança lusitana, ao lado da praça da Lapinha está localizado o Teté Pastel&Acaí. Dos mais ricos aos mais simples, o pastel é bastante apreciado. Segundo alguns historiadores, a versão brasileira que conhecemos foi trazida pelos portugueses, ainda na época da colonização. No estabelecimento, as versões tradicionais de carne, queijo, presunto e frango custam de R$12,50 a R$15. No local ainda é possível turbinar o lanche com uma porção energética de acaí, fruto de origem brasileira cultivado na região amazônica, e um dos principais alimentos dos povos originários do Norte do país.

Bacalhau – Para quem perdeu a largada do desfile e ainda assim precisa reabastecer antes de encarar a caminhada, movida ao calor do sol da Bahia e muito música, uma boa opção é dar um pulo na Lanchonete Travessa's (situada na Travessa dos Perdões, 65, bairro Santo Antônio além do Carmo). Funcionando próximo ao percurso do cortejo do Dois de Julho, das 9h30 às 23h, diariamente, o local tem nos acepipes feitos à base de bacalhau alguns de seus carros-chefes. No cardápio da casa, a porção do bolinho e a unidade empada são oferecidos a R$6,50 e R$7, respectivamente.

Abará e acarajé – O tabuleiro da baiana não poderia ficar de fora do menu da Independência e a qualidade dos quitutes à base de feijão fradinho e dendê produzidos no Abará da Vovó (Rua Direita do Santo Antônio, 18, bairro Santo Antônio além do Carmo). Os bolinhos preservam a ancestralidade africana, bem no coração do desfile. A culinária de matriz africana é uma das especialidades do espaço. Os petiscos como a passarinha frita na hora, acompanhada de farofa e vinagrete, são um atrativo a mais. Os preços não ultrapassam R$15 a unidade.

Suco – Depois de percorrer as ruas do Santo Antônio e descer a Ladeira do Carmo, o desfile dos caboclos – junto com as fanfarras e grupos de samba – ruma para o Pelourinho, na reta final da etapa matinal do cortejo. A essa altura a boca está seca de tanta saudação e cantoria e nada melhor que uma limonada bem gelada para hidratar e matar a sede. A parada obrigatória para refrescar é o carrinho verde onde o suco de limão com coco – frutos bem brasileiros – criado pelo empreendedor Milton Cavalcante. É sucesso entre soteropolitanos e turistas. A mistura pode ser degustada na barraquinha móvel estacionada em frente à Fundação Casa de Jorge Amado, no Largo do Pelourinho. O copo custa R$5, a garrafa de meio litro, R$10, a de um litro sair por R$18 e a de dois litros, R$18.

Sorvetes tropicais – A poucos metros do Largo do Pelourinho, na Rua Portas do Carmo, 12, ou no Elevador Lacerda, um dos principais meios de transporte entre as cidades Alta e Baixa e um dos cartões-postais da cidade, o público pode encontrar duas das filiais da tradicional sorveteria A Cubana, que oferece uma gama de sabores tropicais e refrescantes para satisfação dos paladares mais exigentes. Tem sabor de umbu, mangaba, manga, cupuaçu, graviola, pitanga, cajá, frutos de árvores presentes nos quintais do Recôncavo baiano. Vale experimentar ainda as misturas cremosas, como tapioca, coco verde, amendoim e milho verde. Os sorvetes são vendidos em porções com uma ou mais 'bolas' (R$ 10 cada), na casquinha ou em copo.

Caldo de feijão – Depois de cumprida a primeira e mais efusiva etapa do cortejo, quando os carros do Caboclo e da Cabocla são estacionados na Praça Thomé de Sousa, aguardando a programação da tarde, é hora de finalizar o banquete em grande estilo. A ideia é ir até ao restaurante Alaide do Feijão (Rua Alaíde do Feijão, 26, Pelourinho) e saborear o caldinho da receita de excelência do lugar – a feijoada. O local, que normalmente não funciona aos domingos, vai abrir uma exceção no próximo 2 de Julho, oferecendo o caldo a R$5 a unidade.

Cravinho – Ainda para quem não abre mão em saborear a gastronomia local, a homenagem aos heróis da Independência não estará completa sem um brinde no bar O Cravinho (Largo do Terreiro de Jesus, 3, Pelourinho), uma adega de cachaças de muitos tipos, armazenadas em tonéis, à escolha do freguês, onde a infusão do cravinho é a estrela principal. O drink é marca registrada das festas de largo e não pode ficar de fora das comemorações deste Bicentenário. Dica: Ao brindar, não esqueça de derramar um pouco no chão, compartilhando com o santo a coragem e a alegria dos baianos vitoriosos. O shot custa em torno de R$5.