Após quase cinco meses de governo, mais de 60 cargos continuam vagos na Esplanada dos Ministérios. Essas posições incluem 39 cargos de segundo e terceiro escalão, como secretarias, diretorias e departamentos dos 37 ministérios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e 27 cargos em entidades vinculadas, como empresas públicas e autarquias. Esses dados foram levantados pela consultoria Ética Inteligência Política.
Essas vagas, em um momento de fragilidade do governo petista, são atraentes para aliados e podem ser utilizadas para agradar partidos do Centrão, por meio da nomeação de afilhados políticos. As nomeações para esses cargos estão sendo analisadas pelo Palácio do Planalto, enquanto a articulação política do governo ainda enfrenta dificuldades no Congresso Nacional.
De acordo com o Metrópoles, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) é o que possui mais cargos de segundo escalão vagos, incluindo duas secretarias: Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, e Ciência e Tecnologia para Transformação Digital, além de quatro departamentos vinculados. Atualmente, a pasta é comandada por Luciana Santos, do PCdoB.
Existem impasses em relação a algumas nomeações, como no Ministério da Agricultura e Pecuária, liderado por Carlos Fávaro. A Secretaria de Política Agrícola, que é uma das mais importantes do ministério, ainda não possui um titular. Fávaro chegou a anunciar publicamente a nomeação do ex-deputado Neri Geller para essa posição, porém, ele ainda não foi oficialmente nomeado.
Geller, filiado ao PP do Mato Grosso e próximo de Blairo Maggi, ex-ministro da Agricultura e um dos maiores produtores de soja do país, também foi cogitado para presidir a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que está vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.
No mês de março, o ministro Paulo Teixeira, responsável pelo Ministério, resolveu a disputa e escolheu o candidato apoiado pelo Partido dos Trabalhadores, o ex-deputado estadual Edegar Pretto (RS). Pretto possui vínculos com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e, após perder a eleição para governador do Rio Grande do Sul em 2022, ficou sem mandato.
As nomeações para os cargos no governo federal passam pelo aval da Casa Civil, que avalia os currículos e os requisitos jurídicos dos candidatos. O ministro Rui Costa tem enfrentado críticas em relação a algumas das nomeações. Quanto mais detalhadas forem as informações, mais difícil será controlar os antecedentes dos indicados.