Bahia

Juiz baiano explica veto a “héteros” e diz que corregedor do TJ é “gay não assumido”

Para Mário Soares Caymmi Gomes, a posição de Rotondano mostra o problema de não reconhecer a própria posição na sociedade

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O juiz Mário Soares Caymmi Gomes, da 12ª Vara das Relações de Consumo em Salvador, explicou hoje (5), em entrevista ao jornalista Luís Ganem, o veto que fez à contratação de estagiários héteros em seu gabinete. Ele disse ainda lamentar que o desembargador José Rocha Rotondano, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), tenha vetado seu edital. Segundo Gomes, Rotondano é “gay não assumido”. 

“O que me causou maior incômodo é que essa determinação tenha vindo de um corregedor que é gay, ainda que ele não se assuma. Isso não é fofoca. Tem a ver com o caso. Sei que ele é gay, pois ele teve caso com meu marido, antes dele me conhecer, ele foi casado com um rapaz que era vereador de Mata de São João”, afirmou o magistrado. 

Para Mário Soares Caymmi Gomes, a posição de Rotondano mostra o problema de não reconhecer a própria posição na sociedade. 

“Esse caso é emblemático, pois mostra o problema de assumir num emprego conservador. Uma pessoa que está numa posição de poder e por falta de conhecimento do seu local, reforça essa pauta de fobia contra pessoas trans. E depois, por qual motivo? Qual problema de cruzarmos no tribunal com pessoas trans. Aí que vamos saber se temos um Judiciário fóbico”, contou. 

O juiz questiona ainda a falta de oportunidades ao público LGBTQIAPN+. “Quero entender o motivo de deixarem a população LGBT sempre para trás”.