A articulação política do governador Rui Costa e o PT ainda não desistiram de convencer o PCdoB a trocar a candidatura à Prefeitura de Salvador da deputada federal Alice Portugal pela da ex-vereadora Olívia Santana. Há pelo menos três semanas os petistas tiveram um encontro com o presidente estadual do PCdoB, o deputado federal Daniel Almeida, para mostrar-lhe uma pesquisa qualitativa segundo a qual a ex-vereadora teria muito melhor condição de crescer eleitoralmente na capital, no confronto com o prefeito ACM Neto (DEM), do que Alice Portugal.
O levantamento indicaria que Olívia poderia servir melhor ao contraponto que o governador e os petistas pretendem fazer em Salvador, opondo à figura do prefeito, considerado por eles “um menino criado no playground”, uma candidata mulher, negra e crescida na favela, essencial para polarizar a disputa na capital baiana. Ocorre que, ao tomar conhecimento da estratégia, Alice Portugal, que, neste campo, não preenche os mesmos requisitos da colega de partido, reagiu violentamente, mandando o recado de que não aceitaria, sob hipótese alguma, a substituição.
Embora não disponha dos mesmos instrumentos de aferição dos sentidos do eleitorado baiano com que os petistas trabalham, a parlamentar tem alegado no PCdoB que já começou a trabalhar a pré-campanha e tem sentido ótima receptividade na capital baiana, de forma que não vê como sua substituição poderia ajudar na estratégia de bater o prefeito de Salvador nas eleições deste ano. Também acredita que o verdadeiro embate entre os concorrentes à Prefeitura se dará no plano das idéias e, principalmente, das denúncias das falhas do governo municipal.
A avaliação de Alice já foi transmitida aos companheiros do PT pelo presidente Daniel Almeida, mas, no fundo, nem ela nem o parlamentar acreditam que já conseguiram convencer os petistas e a articulação de Rui Costa de que ela é a melhor candidata, o que significa que provavelmente terão que se preparar para novas investidas no sentido de pelo menos rediscutir seu posicionamento na sucessão municipal. Por enquanto, os instrumentos de convencimento dos petistas se concentram no plano de uma proposta que parece verdadeiramente tentadora.
Como contrapartida à substituição de Alice, os petistas oferecem nada menos do que a possibilidade de não lançarem candidato, apoiando Olívia à sucessão municipal. Isto significa que, além de não terem um concorrente no campo das oposições, os comunistas contarão ainda com o apoio de uma estrutura mínima para fazer o enfrentamento ao prefeito, apoio de que qualquer grupo político gostaria de dispor. Por enquanto, os petistas só não negociam a saída de campo do histriônico deputado estadual governista Sargento Isidório, que se filiou ao PDT para disputar a Prefeitura.
* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia. Foto: Reprodução