A campanha presidencial no Peru teve nesta terça-feira (5) um ingrediente adicional: uma passeata contra a candidata Keiko Fujimori, favorita para vencer as eleições de 10 de abril, que reuniu 50 mil pessoas em Lima no dia em que o autogolpe de Estado dado por seu pai, Alberto Fujimori, completou 24 anos.
Aos gritos de "Fujimori nunca mais", uma multidão composta majoritariamente por jovens se concentrou na Praça San Martin, no centro de Lima, sob uma bandeira peruana gigante, para percorrer três quilômetros pelas ruas da capital e retornar ao ponto de partida.
O protesto durou cerca de uma hora e não ocorreram incidentes violentos, constatou a AFP.
A manifestação foi organizada por uma série de grupos identificados pelo nome de "Não a Keiko", que através das redes sociais convocaram os eleitores.
Segundo tais grupos, o país sofrerá em caso da eleição como presidente da filha de Alberto Fujimori, que governou entre 1990 e 2000 e que é o primeiro presidente peruano condenado por corrupção e crimes contra a humanidade em cerca de um século.
Humala a favor
A manifestação contou com o apoio do presidente Ollanta Humala, um militar da reserva que no ano 2000 liderou uma revolta contra Fujimrori com um punhado de soldados exigindo sua renúncia.
"Fico satisfeito em ver que milhares de jovens sairão para marchar contra a ditadura e a favor da democracia", disse Humala na noite de segunda-feira em uma entrevista à Latina TV.
"Isto é parte da memória do país. Um povo que esquece de sua história está condenado a repeti-la", acrescentou o presidente, que deixa o poder em 28 de julho com baixa popularidade e sem que seu partido, o Partido Nacionalista, apresente um candidato para sucedê-lo.
Apesar do apoio do presidente, Jorge Bracamonte, secretário-executivo da Coordenadoria Nacional de Direitos Humanos, uma das organizações que convocaram o protesto, junto a sindicatos e ONGs, destacou que o protesto "é uma convocação política sem identidade partidária".
A Defensoria do Povo havia pedido aos manifestantes para evitar atos de violência e a se expressar de maneira pacífica.
Keiko Fujimori também pediu "tolerância" e que seus militantes evitassem "qualquer provocação".
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