Política

Articulação por ministra negra no STF se intensifica após Dia Internacional da Mulher

Entidades jurídicas, ministros do governo Lula e um integrante do próprio Supremo se manifestaram publicamente a favor da indicação nos últimos dias.

Nelson Jr./STF
Nelson Jr./STF

A movimentação pela indicação inédita de uma ministra negra para o STF (Supremo Tribunal Federal) tem a cautela como fator comum, devido ao histórico de ofensivas contra mulheres, especialmente as negras, para ocupar cargos de poder no país.

Entidades jurídicas, ministros do governo Lula e um integrante do próprio Supremo se manifestaram publicamente a favor da indicação nos últimos dias. No entanto, o próprio presidente afirmou recentemente que “todo mundo compreenderia” caso ele indicasse seu advogado, Cristiano Zanin, que é um homem branco.

A mobilização a favor de uma mulher negra na corte ganhou sobretudo esta semana, quando foi comemorado o Dia Internacional da Mulher.

“Ter uma lista de homens brancos vindo do campo democrático é quase um insulto, porque sabemos que não é uma questão de falta de conhecimento jurídico, de capacidade e de nomes”, criticou a professora da USP Fabiana Severi, especialista em direito e gênero,  em entrevista a Folha de São Paulo, 

Em quase 40 anos de redemocratização no Brasil, a cúpula da República contou com 66 homens e apenas 4 mulheres. No STF,  foram 3 mulheres contra 26 homens. Vale ressaltar que nenhuma das mulheres em questão era negra.

O ministro Silvio Almeida afirmou que apesar de estarem discutindo uma tese central sobre a questão racial no Brasil, não havia “nenhuma pessoa negra ou mulher negra discutindo a questão racial naquele plenário” e afirmou que “vai ser de importância fundamental, central, para que a gente comece a discutir a democratização dos espaços de poder no Brasil”.

Além dele, são favoráveis à indicação os ministros Edson Fachin e Anielle Franco, e juízes que integram o Enajun. Além disso, Defensoria Pública e Ministério Público estudam nomes para a corte.