Carnaval

Foliã do Ilê Aiyê destaca representatividade do bloco: ‘afirmação de identidade’

Admiradores estão reunidos, celebrando o momento e toda a sua importância

Vagner Souza / Salvador FM
Vagner Souza / Salvador FM

Um dos principais bloco afro de Salvador, o Ilê Aiyê faz a sua tradicional saída do Curuzu na noite deste sábado (18) de carnaval. No local, admiradores estão reunidos, celebrando o momento e toda a sua importância, após os dois anos de hiato ocasionados pela pandemia de Covid-19. 

Historiadora e fã do Ilê Aiyê, Nairóbi Aguiar está animada com o retorno e expressa o seu sentimento sobre o bloco e a representatividade. “Tem a ver com a nossa afirmação de identidade. Durante muito tempo a gente teve dúvidas em relação à nossa beleza. O racismo na verdade é muito perverso, ele fez a gente acreditar que não éramos bonitos, e aí o Ilê Aiyê vem na década de 74 e coloca a negrada na rua, com suas indumentárias, com seu batom vermelho, com seus acessórios, reafirmando a nossa potência, a nossa beleza, a nossa ancestralidade”, destacou a moradora do Curuzu.

Sua história com o bloco vem de outros carnavais. Hoje com 38 anos, ela carrega essa paixão desde os 17, quando acompanhou o Ilê pela primeira vez. “De lá para cá eu me apaixonei e não deixei mais. E todo ano é a mesma emoção, é uma mistura, meu coração palpita. É maravilhoso!”, disse emocionada.

Os dois anos de pausa foram demais para Nairóbi, que confessa ter arranjado uma forma de suprir a saudade do bloco afro. “Eu vim aqui para o Curuzu, vesti a roupa com um grupo de colegas para tomar uma cervejinha. Depois a gente assistiu uma live, dançamos em casa. Mas a expectativa foi muito grande da espera e nesses dois anos a gente retoma cheio de expectativas, chega dá vontade de chorar de tanta emoção e ansiedade”, disparou.

A caráter, a foliã aproveita os primeiros momentos da festa e afirma que é só o começo e que há muito para celebrar. “Quero ficar até de manhã, chegar na avenida junto de amigos, de amigas, abraçar, porque durante tanto tempo a gente ficou sem abraçar, sorrir, celebrar a vida, celebrar a resistência do povo negro”, afirmou.