Política

Bolsonaro fala sobre cartão e mente ao dizer que Lula gastou mais: "Não peguei um picolé"

Diversos saques ainda não esclarecidos indicam que o cartão corporativo pode ter sido usado durante o governo Bolsonaro para um esquema de rachadinha

Agência Brasil
Agência Brasil

Em rara aparição, o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) falou pela primeira vez sobre os gastos revelados no cartão corporativo da presidência e mentiu ao dizer que o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gastou "o dobro" em seus mandatos passados.

A declaração de Bolsonaro foi filmada e publicada pelo site Metropoles. Na gravação, feita na última semana, ele aparece conversando com apoiadores no condomínio onde están hospedado em Orlando, nos Estados Unidos, na residência do lutador José Aldo.

“Vocês sabem quanto eu gastei ou saquei do meu cartão particular durante quatro anos? Alguém tem ideia? Zero. Estou com os extratos aqui. Nunca paguei um picolé. Eu podia sacar até R$ 17 mil por mês, daria 3 mil dólares, para despesas sem prestação de contas. Nunca gastei um centavo, nunca saquei um centavo. Então não tem o que acusar. Agora, cartão corporativo, o Lula, fazendo as conversões, gastou o dobro do que eu gastei”, disse Bolsonaro.

Diversos saques ainda não esclarecidos indicam que o cartão corporativo pode ter sido usado durante o governo Bolsonaro para um esquema de rachadinha, conforme suspeita o Tribunal de Contas da União (TCU).

Vários saques feitos por assessores foram identificados por meio de notas obtidas pelo site Fiquem Sabendo.

Entre março e junho de 2021, servidores ligados a Bolsonaro sacaram R$ 11 mil do cartão corporativo para despesas que não têm finalidade declarada.

Outro saque em junho de 2021, de R$ 22 mil do suprimento de fundos, que é previsto por lei como um adiantamento de despesas que não podem esperar licitações ou contratações diretas. O documento, assinado por um assessor, não declara para quais fins o adiantamento foi realizado.