Política

Negociação com partidos para segundo escalão incomoda aliados de Lula

Até o momento, ministros e presidentes de estatais só foram autorizados a nomearem auxiliares mais próximos

Ricardo Stuckert/PT
Ricardo Stuckert/PT

O atraso na nomeação dos demais cargos de segundo e terceiro escalão do governo Lula (PT) tem incomodado parte de seus aliados. Muito da demora se deve à negociação com outros partidos, visando ampliar a base de apoio no Congresso para aprovação de projetos considerados fundamentais para o mandato.    

Até o momento, ministros e presidentes de estatais só foram autorizados a nomearem auxiliares mais próximos e assessores de confiança, como secretário-executivo e Chefe de Gabinete.

A previsão inicial era que Lula anunciasse o restante dos cargos até o dia 24, mas os atos golpistas em Brasília atrasaram as negociações e frustraram os planos.

Aqueles que se mantém em cargos comissionados podem ainda impor uma resistência ao governo, como o caso do bolsonarista Luís Vannucci Cardoso, nomeado pelo ex-ministro Gilson Machado. Hoje, a ministra é Daniela Carneiro (União Brasil), a Daniela do Waguinho.

A mesma barca passou pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), que nos últimos dois anos e meio ficou sob a batuta do então ministro das Comunicações, Fabio Faria, um dos mais leais ao ex-presidente. A pasta, agora chefiada por Juscelino Filho (União), substituiu os titulares da antiga diretoria por funcionários de carreira.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, orientou que a prioridade no momento seja identificar "quem é quem" nos postos mais altos para buscar um alinhamento possível.

Nas mais variadas áreas, ministros pedem que seus auxiliares conversem com todos os servidores e identifiquem possíveis nomes alinhados a Bolsonaro. A orientação é que se priorize o “quem é quem” entre os postos mais altos, seguindo uma orientação da Casa Civil, chefiada por Rui Costa.

"Tem muita gente para sair e muita gente para entrar. Essas trocas são naturais, até porque o governo que saiu tem pouca ou nenhuma sintonia com o que entrou. O pensamento em todas as áreas é muito diferente. Não poderíamos conviver com os mesmos assessores", destacou Rui.