O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) negou ao Ministério Público Federal (MPF) o fornecimento de informações sobre supostas denúncias feitas pela ex-ministra e agora senadora eleita Damares Alves (Republicanos) de tráfico de crianças, tortura e abuso infantil na Ilha do Marajó (PA).
Em um culto evangélico, em Goiânia, Damares revelou supostos casos escandalosos, como um aumento no número de "estupro de recém-nascidos". Ela também disse que crianças teriam os dentes arrancados para facilitar a prática do sexo oral em adultos "para elas não morderes".
A Procuradoria Federal dos Diretos dos Cidadãos fez uma solicitação no dia 11 de outubro de documentos das denúncias, com o número do registro e as íntegras de cada caso para poder acompanhar.
O ministério perdeu o prazo de resposta duas vezes, sendo que na última ocasião ele foi prorrogado por 30 dias. Somente no dia 27 de outubro, a pasta respondeu à PGR com um ofício se negando repassar as informações requisitadas.
De acordo com ofício enviado pelo Ministério da Mulher ao MPF, obtido pelo UOL, pasta afirma não ser possível encaminhar as informações sobre as "supostas violações de direitos humanos" porque os "dados solicitados são de natureza sensível". A liberação desses dados, segundo o ofício, fica restrita "aos órgãos de rede de proteção e ao sistema de justiça com a competência para a apuração de cada caso concreto".
A pasta ainda informa que a medida visa "tutelar a credencial histórica dos canais do Disque 100 e do Ligue 180, ou seja, garantir o anonimato daqueles que procuram esse serviço".
Procurado, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos não respondeu à coluna. Já a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão afirmou, via assessoria de imprensa, que o ofício recebido no dia 27 de outubro ainda está sob análise. A assessoria de imprensa da senadora eleita Damares Alves afirmou que ela não vai se pronunciar sobre o assunto.