Política

Mourão diz que Bolsonaro está em "retiro espiritual" e diz que ele deveria passar a faixa a Lula

"Seria um grande gesto", disse general

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR

O vice-presidente em exercício, Hamilton Mourão, se referiu ao sumiço do presidente Jair Bolsonaro (PL) após a derrota como um "retiro espiritual". Segundo o general, após retornar do período sabático, Bolsonaro deve se tocar da força que tem para liderar a extrema-direita nos próximos anos.

Apesar de ter citado também o governador eleito por São Paulo, Tarcísio de Freitas, como possível liderança nas próximas eleições, Mourão crê que Bolsonaro pode usar seu novo cargo no PL para articular politicamente o seu retorno.

"O presidente Bolsonaro, quando emergir do retiro espiritual dele, vai compreender que ganhou esse capital. Acho que ele tem que se posicionar no espectro político, trabalhar politicamente. Vai ser a primeira vez desde 1989 que ele não tem mandato. São 33 anos, é uma vida. É ele entender que agora ele terá uma posição dentro do PL, de presidente de honra. Ou seja, aqui em Brasília, articulando, tem todo o capital para voltar muito bem em 2026. Desde que ele saiba explorar bem isso aí", declarou Mourão.

Com o hiato de Bolsonaro nas redes sociais e sem aparições públicas, aumenta a especulação de que ele não deve passar a faixa presidencial no dia 1° de janeiro ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Vice-presidente e substituto de Bolsonaro em diversas ocasiões, Mourão também se nega a participar do ato da passagem de faixa caso o atual presidente não faça. Segundo ele, "qualquer um" pode fazer a entrega da faixa ao petista.

"Acho que está havendo uma distorção. Porque passagem de faixa é do presidente que sai para o presidente que entra. Se o presidente, vamos dizer assim, ele não vai querer passar a faixa, não adianta dizer que eu vou passar. Eu não sou o presidente. Eu não posso botar aquela faixa, tirar e entregar. Então, se é para dobrar, bonitinho, e entregar para o Lula, pô, qualquer um pode ir ali e entregar", disse em entrevista ao Valor Econômico.

O general, contudo, disse que, pessoalmente, crê que Bolsonaro deveria entregar a faixa e que o ato seria interpretado como um "grande gesto".

"Acho que seria um grande gesto. Sou um grande fã do Winston Churchill. Tem um aforismo dele que diz que, na guerra, você tem de ter determinação, na vitória tem que ser magnânimo e na derrota, tem que ser altivo e desafiador. Acho que seria um gesto de altivez e de desafio: “Toma aí, te vira agora aí, meu irmão. Te vejo em 2026”, pondera.