Política

Escolha da equipe de transição causa conflito entre partidos de direita à esquerda

Uma das siglas que está em desunião é o PSOL

Marcelo Camargo | Agência Brasil
Marcelo Camargo | Agência Brasil

A escolha dos integrantes para compor a equipe de transição do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem causado estranhamento e insatisfação entre partidos da direita e da esquerda.

O PT se queixa de que a maioria dos nomes integra a CNB, grupo majoritário que comanda a legenda. Já no PSOL, há setores querendo impedir a sigla de integrar oficialmente o novo governo a partir de 2023.

Atravessando para o lado oposto do espectro político, há incômodo no mercado com declarações de Lula vistas como contrárias à estabilidade fiscal — o economista Pérsio Arida, da equipe de transição, é o preferido do grupo para o comando da economia. No centro, por sua vez, a ex-presidenciável Simone Tebet deu um leve recado ao defender que a escolha para chefiar a Fazenda ocorra o quanto antes.

Na última segunda-feira, durante reunião da executiva do PT, integrantes da CNB se queixaram de falta de informação sobre a transição. A situação foi contornada com as publicações de portarias sobre os grupos de trabalho temáticos.

Entre os 27 petistas indicados para a transição, pelo menos dez são ligados à CNB e a maioria tem perfil mais técnico e não é vinculado à disputa de correntes.

De acordo com o deputado federal Rogério Corrêa (PT-MG), da Resistência Socialista, houve uma insatisfação de grupos ligados à educação devido uma reunião convocada pelo ex-prefeito Fernando Haddad, na terça. O encontro contou apenas com gestores, o que gerou insatisfação de professores e sindicatos de servidores.

Há expectativa de que Sônia Guajajara (Psol) seja ministra dos Povos Originários, mas integrantes da sigla não concordam que o partido participe oficialmente do novo governo. Isso porque, o Movimento Esquerda Socialista (MES) tenta fazer com que o partido seja independente do PT, e se torne até uma oposição.

De acordo com o site O GLOBO, o clima interno é de acirramento e tensão e há risco de debandada a depender da decisão tomada pela direção nacional. Representantes do PSOL se reunirão em dezembro para a decisão.

O clima é tenso desde junho, quando mais de cem integrantes anunciaram a desfiliação em massa após a legenda aderir à chapa Lula-Alckmin e formar uma federação com a Rede. Agora, um grupo está insatisfeito com a composição do gabinete de transição, por ser considerado mais à direita. Devido ao quadro, há preocupação de que o governo Lula dependa de siglas como MDB, PSD e União Brasil para governar e garantir maioria no Congresso para aprovação de seus projetos.