O Banco Central estima que a inflação fique acima da meta em 2023. A projeção da autoridade monetária passou de 4,6% em setembro para 4,8% em outubro, de acordo com o relatório divulgado nesta terça-feira (1º) na ata do Comitê de Política Monetária (Copom).
O novo percentual deu detalhes da última reunião do colegiado, que decidiu, pela segunda vez consecutiva, manter a taxa básica, a Selic, em 13,75% ao ano.
Segundo definição do Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para 2023 é de 3,25%. Há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais e para menos, de 1,75% a 4,75%. Com a projeção de uma taxa de 4,8%, o BC prevê que haverá descumprimento da meta. Se a autoridade monetária não conseguir levar a inflação para o intervalo da meta poderá descumprir o objetivo pelo terceiro ano seguido.
O juro base é o principal instrumento para controlar a inflação oficial do país. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) desacelerou nos últimos 3 meses. A taxa acumulada em 12 meses que era de 8,73% em agosto, caiu para 7,17% em setembro.
Grande parte da redução da taxa se deve à medida de limitar a alíquota do ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre gasolina, energia elétrica e telecomunicação. O presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) aprovada no Congresso em junho.
Mesmo com a perda de fôlego, a inflação está 3,67 pontos percentuais acima da meta de inflação, de 3,5%.
O patamar atual também está acima do teto da meta, de 5%. Caso termine o ano acima deste nível, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá que enviar uma carta pública explicando o motivo do descumprimento. Segundo a lei que autorizou a autonomia do BC, é dever central da autoridade monetária assegurar o poder de compra da população.