Política

Guedes debocha de Meirelles, diz que ele ‘fala embolado’ e que nem economista é

Um exemplo recorrente de problema citado por Guedes é o caso da cessão onerosa, quando o governo cede a terceiros o direito de explorar reservas minerais, por exemplo. A União entendeu que teria de transferir parte dos ganhos a estados e municípios. Apesar de ser uma transferência pontual, era vetada pelo teto. Foi feita, então, a primeira alteração na regra de gastos, por meio de uma PEC (proposta de emenda à Constituição).

Cleber Caetano/Arquivo/PR Paulo Guedes 26 de outubro de 2022 | 12:45 Guedes deb
Cleber Caetano/Arquivo/PR Paulo Guedes 26 de outubro de 2022 | 12:45 Guedes deb

O ministro da Economia, Paulo Guedes, debochou de Henrique Meirelles durante encontro com empresários em Minas Gerais, e disse que o ex-presidente do Banco Central —que é cotado para assumir o Ministério da Fazenda num eventual governo Lula— nem economista é.

Em evento na Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais) nesta quarta-feira (26), Guedes justificou o porquê de o governo federal ter furado o teto de gastos no passado, argumentando que a medida foi mal construída.

“Nós chegamos e fizemos a cessão onerosa. Retomamos os leilões e demos dinheiro para os estados e municípios. Aí todo mundo [criticou dizendo] ‘eles furaram o teto’… Nós furamos o teto porque é um teto muito mal construído”, afirmou. “É tão mal construído que o economista, não é nem economista, o ministro que estão falando que vai ser do Lula, o Meirelles, nem economista é”, acrescentou, em meio a aplausos da plateia.

Meirelles foi o responsável por criar o teto de gastos, regra que impede as despesas federais de crescerem além da inflação, durante o governo de Michel Temer (MDB). Ao dizer que o ex-ministro nem economista é, Guedes ia ponderar que até mesmo o pai da ideia passou a defender o descumprimento da medida.

De acordo com a Folha, na terça-feira (25), Meirelles afirmou que, para bancar o Auxílio Brasil no valor de R$ 600, uma alternativa seria criar uma excepcionalidade para 2023, dizendo que a regra seria “excepcionalmente superada”.

Após os aplausos da plateia de empresários, Guedes retomou com um deboche à forma como Meirelles fala. “Ele fez um teto, passou anos falando ‘oh, porque estão furando meu teto’ [imitando a pronúncia do ex-ministro]. Ele fala embolado, né?”, afirmou em meio a risadas dos presentes. “Já anunciou que vai entrar furando”, acrescentou.

Esta não é a primeira vez que Guedes admite que o governo federal furou o teto de gastos e diz que a regra tem imperfeições que precisam ser melhoradas. O próprio candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) já afirmou que a medida pode ser alterada em um eventual segundo mandato.

Um exemplo recorrente de problema citado por Guedes é o caso da cessão onerosa, quando o governo cede a terceiros o direito de explorar reservas minerais, por exemplo. A União entendeu que teria de transferir parte dos ganhos a estados e municípios. Apesar de ser uma transferência pontual, era vetada pelo teto. Foi feita, então, a primeira alteração na regra de gastos, por meio de uma PEC (proposta de emenda à Constituição).

No evento desta quarta, o ministro voltou a citar esse exemplo. “O teto é justamente para não deixar o governo federal se hipertrofiar. Nós somos federalistas, nós acreditamos nos estados e municípios. Os recursos têm que ir para a base”, disse. “Quando eu quero fazer o governo diminuir, eu não posso, porque furo o teto”, acrescentou.