A dentista Andrea Barbosa, ex-mulher do quarto ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Eduardo Pazuello, afirmou que o governo utilizou o estado do Amazonas como "laboratório humano" para testar a tese da 'imunidade de rebanho' durante a pandemia da Covid-19.
Em post nas redes sociais, Andrea se queixa de ser apontada como a esposa "traída" e ressentida, e diz que as suas críticas e revelações não são motivadas por sua posição política divergente do ex-marido, general e ex-ministro de Bolsonaro.
"Eu estava lá quando milhares de caixões eram enterrados em valas porque o cemitério já não tinha espaço e o presidente dizia que não era coveiro e, portanto, não tinha nada com isso. Eu vi gente que tinha muito dinheiro morrer sem oxigênio na pista entrar na UTI aérea. Eu vi gente que não tinha o que comer morrer pelo mesmo motivo e não ter recursos para enterrar seu ente querido", escreveu Andrea.
"Enquanto isso, nós bastidores, a equipe do ministério que distribuía cloroquina, esbaldava-se de whiskies caros e taifeiros do exército servindo a alta burguesia da cidade sem oxigênio", disse em outro trecho da publicação.
Em resposta, o Ministério da Saúde ressaltou a distribuição de doses de vacina contra a doença. Eduardo Pazuello, contudo, não respondeu ao pedido da reportagem.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid comprovou que o governo brasileiro demorou para responder a Pfizer sobre a oferta de imunizantes contra a doença. De acordo com o CEO da empresa, Carlos Murillo, ao menos três ofertas foram ignoradas pelo ministério ainda em agosto de 2020, e que as negociações tiveram início em maio.
Pelo menos 50 países começaram a vacinar antes do Brasil, incluindo na América Latina, como Chile, México e Costa Rica – ainda no fim de 2020.