As venezuelanas que foram ofendidas por Jair Bolsonaro (PL), na semana passada, se recusaram a gravar vídeos para ajudar a desfazer o mal-estar gerado pelas falas do presidente. Em entrevistas, Bolsonaro insinuou que elas seriam garotas de programa por estarem “arrumadinhas”, o que foi desmentido.
Segundo relatos, a equipe de Bolsonaro queria que algumas delas divulgassem uma mensagem, sozinhas, dizendo que tudo havia sido um mal-entendido e havia sido esclarecido. As jovens e suas mães, no entanto, ficaram com receio da exposição e do desgaste que isso poderia gerar.
Pessoas que têm acompanhado as venezuelanas dizem que elas ficaram muito preocupadas com a repercussão das falas de Bolsonaro e pediram uma retratação pública. Além de entidades de direitos humanos, o caso tem sido acompanhado de perto pela Defensoria Pública da União e pelo Ministério Público do Distrito Federal.
Como elas não queriam se expor, a alternativa foi um encontro fechado com as mulheres, ontem, entre a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a senadora eleita Damares Alves. Procurada, Damares disse que a reunião foi “um encontro de abraços”. “Elas não exigiram nada. São mulheres muito boas”, declarou a ex-ministra.
O vídeo, por sua vez, acabou sendo gravado por Bolsonaro, Michelle, e a embaixadora da Venezuela, María Teresa Belandria, indicada pelo presidente autoproclamado do país, Juan Guaidó, que por sua vez demonstrou apoio à reeleição de Bolsonaro. Belandria ajudou a viabilizar o encontro com a primeira-dama, que foi acertado na noite do último domingo.
Na mensagem, gravada na segunda-feira (17), o presidente disse que associou as venezuelanas a um suposto esquema de prostituição por “preocupação”, “no sentido de evitar qualquer tipo de exploração que estavam vulneráveis”, mas que depois constatou que as mulheres citadas por ele são trabalhadoras.
“Se as minhas palavras, que por má-fé foram tiradas de contexto, de alguma forma foram mal entendidas ou provocaram algum constrangimento às nossas irmãs venezuelanas, peço desculpas”, afirmou no vídeo, segundo o Estadão.