Com o aumento expressivo no número de animais abandonados e vítimas de maus tratos nas ruas da capital baiana, o programa Ligação Direta recebeu, na manhã desta segunda-feira (26), a médica veterinária e presidente da Comissão Estadual de Ética, Bioética e Bem-Estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia, Ilka Gonçalves.
Agravado pela pandemia de Covid-19, o município hoje registra cerca de 300 mil animais, entre gatos, cachorros e outros bichos que vivem pela cidade. Sujeitos aos maus tratos, a médica veterinária destacou a necessidade da implementação e efetivação de políticas públicas direcionadas a esses animais.
Em entrevista, a médica orientou ainda que não são mais aceitas os abrigos de animais como lar definitivo, e que hoje é considerado como maus tratos a esses animais. “Não é mais indicado abrigo de animais, carrocinha, isso hoje é considerado maus tratos, não deve trabalhar mais desse jeito. Uma casa de passagem onde o animal será cuidado, microchipado e devolvido às ruas como cão comunitário, sob a responsabilidade de alguém da comunidade, com direito a vacinas anuais”, disse.
Ela explicou ainda que o microchip é implantado debaixo da pele e funciona como uma forma de identificação, e não de GPS. Para a médica, ela acredita e defende que o caminho é a castração, são as políticas públicas para estabilizar a população entre 5 a 10 anos. De acordo com Ilka, cerca de 1.200 castrações são feitas por mês.
Além disso, Ilka pontuou que o país vive uma epidemia de esporotricose, que é um fungo confundido, muita das vezes, com uma doença de pele incurável. Segundo a médica, a principal característica é que as lesões não cicatrizam, somem e reaparecem e o tratamento pode levar meses. Ela disse se tratar de uma questão de saúde pública, e ressaltou que os verminosos também precisam deixar a população em alerta, pois 60% das doenças infecciosas dos humanos são provenientes dos animais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Saiba como denunciar
A denúncia contra praticantes e animais vítimas de maus tratos pode ser feita através da Delegacia Virtual do Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio do site delegaciadigital.ssp.ba.gov.br. Para tal, o denunciante seleciona o estado, lê as orientações e sinaliza o crime contra o animal. Previsto em Lei, a multa pode variar entre três meses a um ano, além de multa. A pena pode ser aumentada de um sexto a um terço se ocorrer morte do animal.