A Polícia Civil de Piracicaba, a 158 km de São Paulo, teve acesso a áudios enviados por Jonas Lucas Alves Dias, 55, cobrando da gerente do banco uma transferência de R$ 3 milhões de sua conta enquanto era mantido refém por pelo menos quatro pessoas.
Duas foram presas no fim de semana sob suspeita de ter matado o vencedor da Mega-Sena. Ele foi encontrado na semana passada em uma rodovia em Hortolândia, na região de Campinas, após ser espancado.
Em uma das mensagens, Dias pergunta se a transação foi concluída. “Não chegou nada do comprovante, consegue agilizar isso pra mim? Tô aqui na fazenda, preciso resolver isso hoje”, diz.
A fazenda é o pesqueiro transformado em sítio comprado por Dias em Conchal, cidade próxima a Campinas, pouco tempo depois de ter recebido o prêmio de R$ 47,1 milhões, em setembro de 2020.
A polícia confirma a existência dos áudios. O aparelho usado para o envio das mensagens não é de Dias, que não tinha telefone celular, conforme informado por amigos e familiares à Folha e à polícia. A investigação não informou se o telefone foi encontrado.
O que se sabe é que, às 8h20 de terça-feira (13), Marcos Vinicyus Sales de Oliveira, 22, foragido com mandado de prisão preventiva já expedido pela Justiça, entrou em uma agência da Caixa Econômica Federal em Campinas com o cartão de Dias. Em um caixa eletrônico, ele habilitou transações via celular e sacou R$ 2.000.
A transferência de R$ 3 milhões não foi feita pois essa operação só poderia ser realizada presencialmente na agência em que o titular tem conta, conforme apuração policial.
O delegado do Departamento de Polícia Judiciária do Interior 9 (Deinter-9), Kleber Altale, declarou nesta segunda (19) que os quatro suspeitos já identificados se conheciam.
Essa relação foi descoberta após a prisão de Rebeca Messias Batista Pereira, 24, mulher dona da conta que recebeu R$ 18,6 mil transferidos via Pix da vítima. Ela foi encontrada no município vizinho de Santa Bárbara d’Oeste, onde também foi preso, no sábado, Rogério Spínola, 48.
“Os quatro criminosos já identificados se conheciam há algum tempo. Agora, a investigação continua para descobrir se outras pessoas participaram do crime e há quanto tempo o planejamento para essa ação foi feito”, afirma Altale.