Após ter sido resgatada do controle jihadista durante uma operação de forças especiais curdas na semana passada, a adolescente sueca Marilyn Nevalainen afirmou que foi aliciada a viajar à Síria e ao Iraque pelo seu namorado, que cultivava ideias de apoio ao Estado Islâmico (EI). Em entrevista a um canal de televisão curdo, ela contou detalhes da sua trajetória até Mossul, reduto do grupo extremista, e descreveu as dificuldades da sua vida nos últimos meses.
Há registros que a jovem de 16 anos tenha deixado a Suécia em maio de 2015, após fazer sua família acreditar que faria uma viagem a Estocolmo. Marilyn, que estava grávida, teria cruzado a Europa de ônibus no seu caminho para a Síria, após ter sido convencida pelo namorado de 19 anos, que a acompanhou na viagem. Eles teriam se casado em uma cerimônia muçulmana realizada na capital sueca no ano passado.
Segundo a mídia sueca, ela já havia sido resgatada uma vez por forças de segurança curdas, mas ela escapou para voltar ao encontro do seu parceiro. Poucos dias mais tarde, ela teria dado à luz um filho, cujo paradeiro permanece desconhecido.
— No início, nós estávamos bem juntos, mas então ele começou a assistir vídeos do Estado Islâmico, a falar sobre eles e coisas do tipo. Mas eu não sabia nada sobre o Islã ou sobre isso, então eu não sabia o que ele queria dizer. E então ele disse que queria se juntar ao Estado Islâmico e eu respondi: “OK, sem problemas” — disse a adolescente.
Quando o casal chegou à Síria, recebeu uma casa de militantes jihadistas. No entanto, as condições precárias tornaram a vida a cada dia mais difícil para Marilyn, segundo seu relato desta quarta-feira.
— Na Suíça, nós temos tudo e quando eu estava lá eu não tinha nada. Sem água, sem eletricidade e sem dinheiro, a vida era muito difícil. Então, quando eu consegui um telefone, eu entrei em contato com a minha mãe e disse a ela que queria voltar pra casa.
Na terça-feira, autoridades do Curdistão Iraquiano afirmaram que a jovem será entregue às autoridades suecas para poder voltar para casa assim que os trâmites necessários forem realizados. O seu nome, que havia sido inicialmente divulgado como Marlin Stivani Nivarlain, foi corrigido nesta quarta-feira.
“O Conselho de Segurança da Região do Curdistão foi procurado pelas autoridades suecas e por seus familiares para assistir na sua localização e no seu resgate do Estado Islâmico”, diz o comunicado das forças curdas.
Os serviços de segurança internacionais estimam que centenas de cidadãos ocidentais — homens e mulheres — saíram de casa para se juntar às fileiras do grupo extremista desde que os jihadistas ocuparam vastas áreas do Iraque e da Síria em junho de 2014. No início deste mês, uma mãe que viajou ao território sírio e levou o filho de 14 meses com ela foi condenada por um tribunal britânico a seis anos de prisão
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