Bahia

Familiares e vítimas da tragédia com lancha Cavalo Marinho I aguardam resolução há 5 anos

Os casos foram movidos individualmente, com cada familiar ou vítima acionando um advogado para pedir indenizações pelos danos sofridos

Alberto Maraux/SSP-BA
Alberto Maraux/SSP-BA

O trágico acidente da lancha Cavalo Marinho I, que fazia a travessia Salvador-Mar Grande, em 2017, completou cinco anos nesta quarta-feira (24). Apesar da comoção na época e repercussão na imprensa, familiares das 19 vítimas fatais e outros que sobreviveram ao episódio na Baía-de-Todos-os-Santos ainda aguardam uma resolução na Justiça.

Enquanto o processo tramita na justiça e aguarda a decisão final, o filho de uma das vítimas, Antônio de Jesus Souza, de 67 anos, relatou a indignação e o sofrimento que é a espera sem resposta para o Ligação Direta, da Radio Salvador FM. “São cinco anos de sofrimento para todos. Tentamos fortalecer minha mãe, mas são cinco anos de lembrança”, afirmou. 

Para o filho de seu Antônio, André Filho, a tragédia foi anunciada e é reflexo da negligência dos órgãos estaduais e federais. “Meus pais estavam felizes, até acontecer essa negligência, uma tragédia anunciada. O barco pintado, sem manutenção, ele (lancha) dava sinais de um barco novo, mas não estava”, disse ele. 
 

Os casos foram movidos individualmente, com cada familiar ou vítima acionando um advogado para pedir indenizações pelos danos sofridos. Alguns chegaram a um acordo, mas a maioria deles ainda espera uma sentença e, consequentemente, ser indenizado.

O Ministério Público (MP-BA) ofereceu ainda uma denúncia na esfera criminal, no mesmo ano do acidente, contra o marinheiro Osvaldo Coelho Barreto, que comandava a embarcação, e o empresário Lívio Garcia Galvão Júnior, dono da CL Empreendimentos, empresa responsável pela lancha.

Apenas o processo realizado na esfera militar, pela marinha, foi encerrado. Em julho de 2021,  o Tribunal Marítimo, cuja função é apurar responsabilidades referentes ao acidente, cancelou o Certificado de Registro de Armador da CL Empreendimentos. A mesma corte ainda considerou que Lívio Garcia Galvão Júnior, dono da CL, e Henrique José Caribé Ribeiro, engenheiro da embarcação, tinham conhecimento dos riscos. Já Osvaldo Coelho Barreto, comandante da embarcação, foi absolvido. 

Com a ausência de decisão e de responsabilização sobre a tragédia que deixou 19 mortos e famílias destruídas, como tentativa de apaziguamento, em uma audiência de conciliação com o juiz e os advogados da Cavalo Marinho, a parte ofereceu R$ 5 mil e um celular para os sobreviventes, e R$ 7 mil para as famílias que perderam alguém. 

Indignado, André Filho pontuou que a revolta não é só pela perda do pai, mas também em nome de todos que morreram. E que o valor oferecido é irrisório, mínimo diante da perda, e que nem o valor do caixão seria pago com o oferecido. “Não recebemos apoio de ninguém, ninguém para falar com as vítimas, com as viúvas, com os filhos”.