O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que jamais envolveu problemas pessoais de candidatos nas campanhas políticas que já disputou e não irá fazer isso agora.
“Jamais envolvi qualquer mulher de presidente em campanha política. Aliás, eu jamais envolvi qualquer problema pessoal de candidatos na vida política”, disse Lula.
“Não quero saber se meu adversário é católico, evangélico, se ele cheira ou não cheira, se ele bebe ou não bebe. Minha divergência com ele é sobre ideias políticas e programáticas. Aí está o debate”, continuou.
Lula concedeu entrevista à imprensa internacional nesta segunda-feira (22). Ele estava acompanhado dos ex-ministros Celso Amorim e Aloizio Mercadante.
“Quando você começa a envolver mulher [dos candidatos] em campanhas é porque você não tem o que falar. Eu tenho lido coisas nas redes sociais. Partindo de quem parte, a gente sempre tem que esperar o pior, porque daquele mandacaru não nasce flor cheirosa. É só coisa ruim”, seguiu.
Como a Folha mostrou, a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) estuda levar ataques à mulher de Lula, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, para a televisão nos programas de rádio e TV que começarão a ser veiculados a partir de sexta (26).
A ideia é explorar imagens de Janja que teriam o potencial de afetar negativamente o eleitorado evangélico, especialmente as mulheres.
O ex-presidente disse ainda na entrevista desta segunda que sua família sofre “há muito tempo” com ataques e que ele não irá responder a eles. “Esse é o tipo de coisa que não vou responder. Minha divergência com ele é de ordem política, programática e de responsabilidade com o país. O restante não me interessa.”
Ao ser questionado se avaliava ser possível que houvesse uma ruptura democrática no país, Lula afirmou que acredita na recuperação da democracia brasileira e criticou os ataques de Bolsonaro contra as instituições.
“Não posso conceber a ideia que um país que fez a luta que nós fizemos durante muitas décadas para reconquistar a democracia permita que por obra de um homem esse país jogue fora a participação social na condução da democracia”, disse.
O ex-presidente disse ainda que Bolsonaro desafia diariamente as mais diferentes instituições, citando as Forças Armadas e o Judiciário.
“Ele desafia as Forças Armadas quando diz que as Forças Armadas são dele, quando ela é da sociedade. As Forças Armadas têm uma nobre função que consta na Constituição que é defender o povo contra possíveis inimigos externos além de cuidar das fronteiras.”
“Ele brinca quando ofende o Judiciário, a Suprema Corte, a Justiça Eleitoral. Ele machuca a democracia quando ele ofende qualquer organismo que criamos para cuidar da democracia”, continuou.