Denúncias de homofobia contra servidores municipais de Araci, a cerca de 210 quilômetros de Salvador, estão sendo apuradas pela prefeitura do município. Os envolvidos serão exonerados e providências jurídicas e administrativas serão tomadas.
O caso veio à tona após o vazamento de áudios e prints de conversas com teor homofóbico de um grupo no WhatsApp, composto por funcionários da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte de Araci. Em um dos áudios, uma servidora diz que o local de trabalho só teria homossexuais, e os chama de modo jocoso de ‘veados’. Ela diz que é preciso um ‘homem’ para ‘animar’ o setor.
"Zé tem que ter um homem aí pra animar porque pra todo lugar que você olha só tem veado. Ó peste", diz uma mulher, que seria servidora.
Em outro momento, a mesma servidora questiona como descobrir se uma pessoa seria ou não homossexual. "Zé, me diga se existe. Como vamos fazer para descobrir se (inaudível) é veado ou não é", diz.
A mesma voz diz que em todas as salas da secretaria teriam homossexuais. "Toda sala que você ali tem que ter um veado. E quando não é um veado assumido é um que…", diz uma voz de mulher.
Em um terceiro áudio vazado, um homem diz que faria uma indicação de uma pessoa para trabalhar na secretaria após um pedido, mas que uma mulher poderia implicar pelo fato do homem ser homossexual. O homem completa a fala com: “um a mais ou menos não faria diferença” no local de trabalho.
"O Edilson me pediu se tivesse uma vaga para botar um rapaz da Cascalheiras que era para falar com Keinha, que diz que levanta tudo. Carrega, descarrega carro, cozinha, faz tudo. É veado ele. Aí eu estava para falar com Keinha e dizer: 'como lá já tá cheio, um veado a mais ou a menos não vai fazer diferença'. Aí eu tenho medo dela me entregar, aí não posso nem falar isso a ela. Usar essa referência", diz a voz de um homem.
Nas imagens, uma mulher diz em texto: 'Q (sic) tanto veado junto. Zé, consiga um homem p (sic) trabalhar na secretaria. Diabo d(sic) tanto veado'
A prefeitura de Araci, através de nota, afirma que a gestão não tolera e repudia qualquer fala, ação ou exposição homofobia e preconceitos de qualquer natureza. O caso segue investigando a prática de invasão de privacidade, clonagem de dispositivo móvel e outras possíveis contravenções em relação à exposição dos servidores e da própria instituição em ambiente de trabalho.
Confira a nota na íntegra:
“A administração foi surpreendida pelas informações e está tomando as providências jurídicas e administrativas em torno do caso.
Os servidores serão exonerados e o caso será conduzido de modo que esse tipo de atitude não ocorra mais no ambiente do serviço público municipal. Serão averiguadas as informações, veracidade, contextos e propósitos daquilo que foi discutido ou difundido dentro do ambiente de trabalho.
Também estão sendo conduzidos os procedimentos e investigações quanto à prática de invasão de privacidade, clonagem de dispositivo móvel e outras possíveis contravenções que vieram a expor esses servidores e a própria instituição em ambiente de trabalho.
O município se posiciona totalmente contrário a qualquer manifestação preconceituosa, difamatória ou de encontro aos princípios éticos que devem nortear o exercício do serviço público".