O empresário Lucas Cardoso, citado na Lava Jato e apontado pela Odebrecht do operador de propinas do ex-prefeito ACM Neto, recebeu por meio de contratos de uma de suas empresas, mais de R$ 500 milhões na última gestão do pré-candidato ao Governo da Bahia pelo União Brasil.
Segundo informações da coluna O Bastidor, Lucas Cardoso teria admitido a pessoas próximas que tem preocupação de ser investigado pelo contrato para realizar o projeto Novo Mané Dendê, em Salvador, que visa fornecer saneamento básico a bairros vulneráveis.
O custo previsto para obra era de R$ 110 milhões, mas desde o início já recebeu mais R$ 25 milhões em aditivos por reajuste de inflação, por meio de empréstimo do Banco Interamaricano de Desenvolvimento.
Após a identificação do contrato sem critérios rigorosos para o empréstimo, por influência de ACM Neto, de acordo com a reportagem, o Ministério Público foi acionado por deputados da oposição para apurar as suspeitas de favorecimento indevido, mas o caso ainda não andou.
A BSM, empresa de Lucas Cardoso, obteve, sozinha ou por meio de consórcios, quase 636 milhões de reais em contratos com a Prefeitura de Salvador na gestão de ACM Neto. Neste período, a empresa cresceu exponencialmente, mesmo com Lucas sendo citado na delação da Odebrecht.
O grupo tem, além da BSM de Lucas Cardoso, a Metro Engenharia, de Mauro Prates, primo do deputado estadual Léo Prates (aliado de ACM Neto). A parceria entre Cardoso e Mauro Prates é antiga.
Os dois venceram sua primeira licitação em Salvador um ano depois da chegada de ACM à prefeitura soteropolitana, em 2012. Unidos no Consórcio Dendezeiros, os empresários foram contratados para revitalizar áreas da capital baiana. A obra orçada inicialmente em 28 milhões de reais foi finalizada com custo total de 117 milhões de reais. Como sempre, sobraram aditivos.
Eles conseguiram ainda duas novas vitórias na Prefeitura de Salvador que totalizaram R$ 58,7 milhões de reais para obras viárias na capital. A BSM de Lucas Cardoso ainda venceu, sozinha, outras três licitações naquele ano, que somavam 51,4 milhões de reais.
Uma dessas licitações, para manutenção de escolas, foi encerrada após quatro anos de serviços prestados e custando quase quatro vezes o preço inicial. Custaria 11 milhões de reais. Queimou 40 milhões de reais até 2019, segundo dados do Portal da Transparência da Prefeitura de Salvador.