O cantor Zelito Miranda criticou as gestões municipais que estão convidando grandes artistas de outros cenários para as festas de São João na Bahia. Segundo o forrozeiro, o turista vem para a celebração querendo conhecer a cultura, que acaba sendo descaracterizada com ritmos que não fazem parte da história junina.
“Eu sou o cara mais aberto do mundo. Fiz escola de música, sou compositor de uma cantata, São Gonçalo de Cana Brava, e comecei fazendo música nordestina, cantei em trio elétrico, tem uma estrada eclética. Mas quando se fala de São João, não por musicalidade, o que eu entendo é que é uma festa diferente de outras festas como Réveillon e Carnaval. O São João tem uma história, tem duas partes: o sacro e o profano, e traz consigo diversos valores como comida, bebida, música e danças próprias”, iniciou Zelito, que foi o entrevistado do Bahia Notícias no Ar, da Salvador FM, nesta sexta-feira (20).
O artista baiano ainda cita como exemplo o DJ Alok, confirmado no São João de Serrinha. Para Miranda, é um absurdo tirar o foco cultural da festa, acreditando que artistas de diferentes nichos podem fazer parte, mas que o percentual deve ser ponderado.
“Quando você sai também das quatro linhas, você coloca Alok, por exemplo, em uma cidade do interior, um absurdo. Falar isso é delicado, eu adoro o artista, mas gosto no Réveillon, em uma festa privada, mas no São João não combina, você tira o foco. Precisa ter 70%/80% de cultura junina porque fica feio. Como você quer que o turismo veja nossa cultura com Alok? O turista quer ver nossas raízes. Quando você tira essas características do nosso São João você perde, todos devem tocar mas não deve ser descaracterizado”, afirmou.
Zelito é uma das atrações do Forró no Parque, no Largo Pedro Arcanjo, no Pelourinho, neste domingo (11). O evento acontece às 11h e terá três convidados: Trio Nordestino, Emerson Queiroz e Jairo Barbosa.