Política

Milton Ribeiro nega gabinete paralelo, mas confirma que Bolsonaro pediu para encontrar pastor

Milton Ribeiro garantiu que o áudio vazado foi retirado de contexto e que os pastores não têm influência sobre o destino dos repasses

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, admitiu à Polícia Federal (PF) que o presidente da República, Jair Bolsonaro, pediu que encontrasse um dos pastores suspeitos de negociarem verbas com prefeitos em nome da pasta.

Sobre a manutenção de um gabinete paralelo, Ribeiro negou, assim também como disse não existir nenhum tipo de favorecimento ou "tratamento privilegiado" no ministério.

"O presidente Jair Bolsonaro realmente pediu para que o pastor Gilmar fosse recebido, porém isso não quer dizer que o mesmo gozasse de tratamento diferenciado ou privilegiado na gestão do FNDE ou MEC, esclarecendo que como ministro recebeu inúmeras autoridades, pois ocupava cargo político", disse o ex-ministro durante o seu depoimento.

Ele alegou aos investigadores que Bolsonaro não soube do teor das conversas com os pastores.

Na última sexta-feira (25), a Polícia Federal abriu inquérito a pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) e o prazo para conclusão da primeira fase é de 30 dias. Podem ser configurados crimes de corrupção passiva, advocacia administrativa e tráfico de influência.

A PF também deu início às investigações de corrupção no repasse de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao MEC.

O pastor e ex-reitor deixou a pasta após vazarem áudios em que ele afirma que o governo Bolsonaro prioriza liberação de verbas de municípios ligados aos pastores.

"Foi um pedido especial que o Presidente da República [Jair Bolsonaro] fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar [Santos]", diz o ex-ministro na gravação. As informações são do UOL.

À PF, contudo, Milton Ribeiro garantiu que o áudio foi retirado de contexto e que os pastores não têm influência sobre o destino dos repasses.

"Aquela afirmação, a da gravação, foi feita como forma de prestigiar o pastor Gilmar, na condição de líder religioso nacional, não tendo qualquer conotação de enfatizar os amigos do pastor Gilmar teriam privilégio junto ao FNDE ou Ministério da Educação", justificou.