Política

Petrobras não pode fazer política partidária, diz presidente demitido da estatal

General Silva e Luna afirmou que não há espaço na empresa hoje para "aventureiros", e defendeu política de preços

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O atual presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, voltou a defender, nesta terça-feira (29), a autonomia e a política de preços da estatal. Demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta segunda, Silva e Luna permanece no cargo até o dia 13 de abril, quando a indicação do economista Adriano Pires para assumir o cargo será submetida aos acionistas em assembleia. A troca ocorre  em meio à pressão política sobre a Petrobras devido ao aumento dos preços dos combustíveis.

Silva e Luna afirmou que a Petrobras é uma estatal de capital aberto, e que, por mais que ela tenha uma responsabilidade social, não pode fazer política pública e, “muito menos”, política partidária. “Fica difícil para a cabeça de muita gente entender porque não faz isso, não se comunica dessa forma, acham que está falhando na comunicação. Não, a empresa não pode fazer política partidária, pública, a lei não deixa.”.

Ao falar sobre a política de preços que a Petrobras pratica atualmente para os combustíveis, Silva e Luna afirmou que o preço de importação (praticado no mercado internacional) serve como uma referência, não um espelho. Ele deu como exemplo a alta de 18% na gasolina, em 10 de março, que ocorreu após 57 dias sem nenhuma alteração nos preços.

“Nós ficamos 57 dias sem mexer no preço de combustíveis, e [o petróleo] saiu de US$ 82 para US$ 137 o barril. O que definiu a manobra foi o risco de desabastecimento, ninguém consegue comprar mais caro para vender aqui dentro”, disse.

Silva e Luna disse que a estatal busca evitar repassar a volatilidade nos preços, mas que a alta mais recente do petróleo, com a guerra na Ucrânia, gerou um “crescimento permanente, não havia patamar de estabilidade”, o que acabou gerando a necessidade de realizar um novo reajuste.

O general também citou algumas iniciativas que buscam reduzir o impacto desses preços maiores, ou a própria alta de preços, no Brasil, como a composição do diesel e o vale-gás, assim como um projeto de lei que altera a cobrança do ICMS nos combustíveis, e avaliou que “não tiveram nenhum efeito ainda sobre preço, custo, mas estão aí”.