Um grupo de indígenas da etnia Pataxó ateou fogo na casa do proprietário da festa 'paredão' em que o jovem Vitor Werikana, 23, foi morto no último domingo (13), em Ponta Grande, na cidade de Porto Seguro, sul da Bahia.
A residência foi incendiada e o grupo também interditou parte do Km-13 da rodovia BR-367, onde aconteceu a festa intitulada "Sigilo Fest". Vitor, pai de um bebê que completou 30 dias, teria sido assassinado após reclamar do som alto.
Presente no protesto, o cacique Fred Pataxó diz que o jovem foi executado a queima-roupa com dois tiros e morreu no local. Ele contou ao Portal Salvador FM que a polícia teria sido acionada antes do caso, para apurar a denúncia do som, mas não foram até à festa.
O suposto organizador do evento seria um ex-policial e que hoje atua na cidade como advogado.
A região onde acontecia o evento é conhecida historicamente pela presença de indígenas pataxós. Segundo o cacique, os episódios de violência em Porto Seguro têm se tornado cada vez mais comum.
"Vemos constantemente o desrespeito com a comunidade indígena no extremo-sul da Bahia. Além dos posseiros, agora sofremos com esse tipo de situação", lamentou.
"Uma liderança local, o cacique Tupã, da Aldeia Novos Guerreiros, foi com Vitor junto para advertir sobre a festa, mas foram recebidos dessa maneira", acrescentou.
A reportagem procurou a Polícia Militar e a Prefeitura de Porto Seguro, mas até o momento não obteve resposta. O cacique Fred confirmou que o caso será levado à Funai, o órgão responsável por apurar as situações que ocorrem nos limites de territórios indígenas.
"Até o momento, o município não deu nenhum parecer. E, por ser terra indígena, precisamos do posicionamento da Funai, que até agora não disse nada", criticou.