Política

Aras pode ser convocado para explicar engavetamento de relatório da CPI, diz Otto Alencar

Nesta terça-feira (7), completou 100 dias de entregue o documento construído ao longo dos depoimentos e investigações da CPI

Jefferson Rudy/Agência Senado
Jefferson Rudy/Agência Senado

O senador Otto Alencar (PSD), um dos titulares da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, afirmou nesta quarta-feira (8) que o procurador-geral da República, Augusto Aras, pode ser convocado para explicar no Congresso o motivo do relatório elaborado ao fim dos trabalhos da Comissão continuar engavetado.

Nesta terça-feira (7), completou 100 dias de entregue o documento construído ao longo dos depoimentos e investigações da CPI. Otto citou a abertura de 12 inquéritos por parte do Ministério Público Federal (MPF), mas que mão atingem políticos com "prerrogativa de foro".

Em julho, o Senado aprovou a criação do Frente Parlamentar Observatório da Pandemia de Covid-19, para fiscalizar os desdobramentos dos trabalhos concluídos da CPI.

"Temos senadores e senadoras da CPI, criamos o  observatório, e algum momento teremos que convocar o PGR para ele apresentar as razões de estar parado. Tem chance sim, dele ser convocado, e é o que estamos discutindo internamente", disse Otto em entrevista ao Portal Salvador FM.

As conversas ainda são "preliminares" e o pedido de convocação ainda não tem data para ser apresentado, mas Otto garante que mais cedo ou mais tarde, Aras vai precisar se manifestar sobre o relatório, que lista uma série de possíveis crimes cometidos por pessoas ligadas ao governo Bolsonaro.

"Em algum momento o procurador vai ter que se pronunciar a respeito. São crimes irrefutáveis, com a compra de vacinas pela VTCLog, o superfaturamento de não sei quantos milhões, os casos da Precisa, Prevent Senior, a de Pazuello que postergou a compra de vacinas, do próprio Queiroga, da Capitã Cloroquina. Também da prevaricação do presidente, que soube da compra da Covax e, ao invés de tomar providências, fez advocacia administratida pedindo ao embaixador da Índia para acelerar a compra sem autorização da Anvisa", declarou.

"O relatório tem várias provas, áudios, email, uma série de provas, todas elas muito contundentes, e lamentavelmente até agora a PGR não se manifestou", acrescentou Otto.

VACINAÇÃO INFANTIL

Médico de formação, Otto alertou ainda para o espalhamento da Covid-19 no estado, potencializado pela variante Ômicron. Ele relata que a taxa de hospitalizações de crianças "triplicou" Bahia e criticou a posição do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que atendendo a um pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL), atrasou o início da vacinação infantil no país.

"Todos os leitos infantis ocupados na Bahia, a taxa de hospitalização de crianças dobrou, triplicou no estado, com poucas crianças vacinadas. E aí o ministro da Saúde retardou a vacinação por causa de Bolsonaro. Ele negava a vacina e aceitou isso, retardando em 60 dias o início da vacinação", criticou o parlamentar.

Otto questiona como um profissional de medicina se submete às ordens de um militar, como é o caso de Bolsonaro, que pauta as suas decisões em concepções negacionistas.

"Um médico, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, atender ao que manda um capitão reformado? Que diz não vai vacinar a filha. O que não se faz por um cargo, né?", indagou. "Ele diz ser contra e aí os seguidores dele seguem o que ele quer: a escuridão total do negacionismo, a falta de respeito, de consciência, uma irresponsabilidade do presidente", finalizou.