Na semana em que o possível pré-candidato à presidência, João Doria (PSDB), acenou aos seus concorrentes da chamada terceira via em busca de uma candidatura única, partidos desse campo anunciaram conversas para federações. De acordo com a Folha, os apoios que o tucano espera receber dependem dessas tratativas e esbarram em sua alta rejeição.
No último domingo (30), em uma live promovida por um grupo de empresários, Doria argumentou sobre construir uma única candidatura, citando os nomes de Sergio Moro (Podemos), Simone Tebet (MDB), Alessandro Vieira (Cidadania) e Rodrigo Pacheco (PSD).
Aliados de Doria acreditam que ele teria esse perfil e no crescimento de seu nome com o avanço da campanha. Entretanto, se o governador de São Paulo não conseguir capitalizar em cima da vacinação e de outras vitrines, os tucanos veem chances de o partido desistir de lançá-lo. A possibilidade de ampliar a bancada, de contar com um tempo significativo de TV, a proximidade ideológica e a boa relação de Doria com líderes das demais siglas são pontos apontados como atrativos para uma aliança com o tucano.
O PSDB de Doria já tornou públicas as negociações para a formação de uma federação com o Cidadania, de Vieira, e com o MDB, de Tebet. Em paralelo, o MDB também ensaia uma federação com a União Brasil, partido formado por PSL e DEM e que não tem presidenciável próprio,
Em ambas as modalidades, Doria enfrenta obstáculos para se consolidar como a candidatura única da terceira via segundo representantes das siglas citadas por ele. No caso das federações, que exigem das siglas envolvidas a atuação conjunta por quatro anos, inclusive nas eleições municipais de 2024, os entraves para o PSDB são os mesmos de todas as legendas: conter disputas regionais para chegar a candidatos únicos nos estados e cidades, além de traçar um programa comum.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em dezembro, Vieira não pontuou, enquanto Doria chegou a 3%.
Para atrair os demais, Moro (9%), Tebet (1%) e Pacheco (1%), o tucano deseja realizar coligações. De acordo com a leitura de líderes dessas legendas, evitar a fragmentação é o caminho para tentar chegar ao segundo turno num cenário em que o ex-presidente Lula (PT) marca 47% e o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem 21%.
Por isso, o aceno de Doria foi bem-visto em todos os partidos, que ressaltam a necessidade de abertura para o diálogo. Na prática, porém, membros da campanha de Doria afirmam haver conversas com MDB, Cidadania e União Brasil, enquanto Podemos e PSD estariam em polos mais distantes.