A denúncia de que policiais civis corruptos pagavam propina de até R$ 50 mil para que corregedores não os investigassem por desvios de conduta levou à queda do atual corregedor-geral do órgão, Nestor Sampaio Penteado Filho, nesta segunda-feira (21/12).
A decisão foi anunciada em coletiva de imprensa pelo chefe da Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, após o jornal "O Estado de S. Paulo" revelar a investigação do Ministério Público a respeito de um 'mensalão' instalado dentro da Polícia Civil.
"É uma mudança de equipe. Não há nada que indique a participação do atual corregedor-geral", disse o secretário. Ele confirmou para o cargo Domingos de Paula Neto, atual diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
"Como se tratam de vários membros de sua equipe, com quem o corregedor trabalhou por três anos, não seria ideal que ele [Penteado Filho] os investigasse. Para evitar constrangimentos, e por mais transparência, faremos essas mudanças."
Além de Penteado, foi também afastado de seu cargo o chefe de investigadores do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Silvio Toyama, por "suposto vazamento de informações no cumprimento de dois mandados de prisão de policiais, solicitados pelo MP". Os dois agentes mencionados nesse caso foram presos.
De acordo com a SSP, órgão responsável pela administração das polícias militar e civil em território paulista, houve reunião com promotores de Justiça a respeito dos documentos das investigações, iniciadas em janeiro do ano passado, na última quarta-feira (16/12).
Além da troca do delegado-corregedor, foi anunciada a abertura de Procedimento Administrativo contra todos os nomes citados na investigação do MP, além da instauração de Inquéritos Policiais para apurar as condutas criminosas dos envolvidos.
De acordo com reportagem do jornal "O Estado de São Paulo", o 'mensalão' pago por policiais tem como principal prova um vídeo de segurança no qual promotores de Justiça aparecem sendo enganados por policiais civis que facilitam a fuga de dois investigadores acusados de corrupção.
Com base no depoimento de um policial, a investigação afirma que corregedores vendiam proteção a quem deveriam investigar e prender por valores que chegavam a R$ 50 mil por mês.
O caso tem ligação com as prisões dos investigadores Mario Capalbo e Raphael Schiavinatto, da 3ª Delegacia de Investigações Gerais, ocorridas em novembro. Eles são acusados de exigir R$ 300 mil em propina de uma empresária para que ela não fosse investigada por irregularidades tributárias.
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