Bahia

Em reunião para ajuda a municípios, Rui questiona dados de microcefalia

Ministério da Saúde apontou 316 casos investigados da doença na Bahia

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Em reunião com prefeitos do interior da Bahia para definir articulação estratégica de combate ao Aedes aegypti, mosquito responsável pela tramissão da dengue, Chikungunya e Zika Vírus, o governador Rui Costa afirmou, na manhã desta quinta-feira (17), que os dados sobre microcefalia no estado divulgados pelo Ministério da Saúde estão equivocados. O órgão federal disse que estão sendo investigados 316 casos da doença relacionados ao Zika Vírus na Bahia. Já o governador atesta que o número é de 180.

"Houve um erro do Ministério, porque oMinistério mudou a forma de cálculo. Ele considerava perímetro encefálico menor ou igual a 33 cm [como indicativo de microcefalia]. Ele reduziu, ao meu ver corretamente, para igual ou menor a 32 cm. Só que no anúncio dessa semana ele manteve no cadastro quem tava com 33 cm ou mais do que 32 cm. Portanto, ele deveria ter retirado", disse. Rui Costa ainda afirmou que em 60 dos 316 casos registrados pelo Ministério, não há informações "sequer sobre tamanho do perímetro encefálico".

O secretário de Saúde do estado, Fábio Vilas Boas, atesta que são 180 notificações no estado. Até agora, entretanto, não divulga nenhuma confirmação da doença. "Só passaremos a usar o termo confirmado a partir da realização de exames de imagem que confirmem a presença de malformação cerebral", declarou. Procurado pelo G1, o Mistério da Saúde ficou de emitir um posicionamento sobre a constestação apresentada pelo governador da Bahia.

Para ajudar os municípios a identificar ou refutar os casos notificados, o governador da Bahia prometeu durante o encontro oferecer exames gratuitos de ultrassonografia e tomografia às prefeituras que comprovem não ter condições de oferecer os procedimentos.

"Depois das notificações, nós queremos comprovar ou não eventuais prejuízos à saúde dos bebês nascidos porque o perímetro encefálico é apenas um indicador de que essa criança pode ter ou não problemas. O que vai confirmar é o exame complementar da ultrassonografia e tomografia. Isso queremos fazer em uma semana com os municípios", afirmou. Nesse sentido, o secretário de Saúde do estado, Fábio Vilas Boas, reiterou. "O estado vai oferecer [os exames] para todo município que declarar que não tem condição de oferecer.

 Dados do Ministério

Os casos investigados de microcefalia relacionados ao Zika Vírus na Bahia chegaram a 316, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados na terça-feira (15). De acordo com o balanço da pasta, no estado não há nenhum caso confirmado ou óbito de casos de microcefalia relacionados ao Zika.

Conforme os dados do Ministério, o número de casos investigados de microcefalia relacionados ao Zika na Bahia só está atrás de Pernambuco (874) e Paraíba (322). O informe divulgado detalha, pela primeira vez, os primeiros casos confirmados e descartados. De acordo com o novo Boletim Epidemiológico do ministério, foram registrados 2.401 casos da doença e 29 óbitos, até 12 de dezembro deste ano no país.

Já a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) aponta que 180 casos suspeitos de microcefalia no estado. A secretaria informou ainda que Salvador registrou 97 casos, o equivalente a 53,8% do total de notificações. Os casos ocorreram em 42 municípios.

Dos 180 casos suspeitos, a Sesab revelou que foram notificados seis óbitos, ocorridos nos municípios de Salvador (1), Itapetinga (1), Olindina (1), Tanhaçu (1), Camaçari (1) e Itabuna (1).

Microcefalia
A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. A microcefalia é diagnosticada quando o perímetro da cabeça é igual ou menor do que 32 cm – o esperado é que bebês nascidos após nove meses de gestação tenham pelo menos 34 cm.

Para o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, ainda pode demorar sair o resultado de uma vacina contra o zika vírus. “O tempo de desenvolvimento de vacina é um tempo longo porque os estudos clínicos são demorados. É algo em torno de dez anos, supondo que as coisas deem certo”, afirmou.

Novo critério
No dia 4 de dezembro, o Ministério da Saúde informou que iria mudar os critérios que classificam uma criança como tendo microcefalia. A mudança passou a valer em todo o país na segunda-feira (7), quando foi fechado o texto de um novo protocolo a ser adotado por cada governo local.

Até então, a pasta considerava que bebês com circunferência da cabeça igual ou menor a 33 cm tinham a malformação. O novo parâmetro passa a apontar microcefalia em crianças com cabeça medindo 32 cm ou menos de circunferência.

Na prática, menos bebês vão ser considerados como suspeitos de apresentar a malformação. O diretor do ministério Cláudio Maierovitch afirmou que não há estimativa de quantos casos notificados deixam de ser considerados com suspeita de microcefalia com base nas novas medidas. “É uma proporção razoável.”

 Foto: Reprodução