Saúde

Medo de contágio pela Covid-19 tem aumentado taxas de ansiedade no Brasil

Ainda segundo a pesquisa, cerca de 67% das pessoas diagnosticadas com ansiedade e depressão teve uma queda de cerca de 80% em sua saúde mental

Sebastião Moreira/EFE
Sebastião Moreira/EFE

Segundo estudo realizado pelo Departamento de Neurociências e Ciências da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), o medo da contaminação e a perda da habilidade de convívio são aspectos que vem aumentando o nível de ansiedade na população brasileira. Ainda segundo a pesquisa, cerca de 67% das pessoas diagnosticadas com ansiedade e depressão teve uma queda de cerca de 80% em sua saúde mental, aumentando a demanda por psicólogos e remédios controlados.

“A apreensão, o desconforto, aquela sensação de evitação, é muito comum para quem está retornando. [É preocupante] quando essa ansiedade passa a ser muito intensa, a ponto de gerar reações físicas muito desagradáveis, muito intensas, que não passam a partir do primeiro contato. Essas questões tem elavado em quase 80% a piora de pacientes já diagnosticados”, explica Flávia Dalpicolo, diretora do Departamento de Neurociências e Ciências da USP.

A psicóloga tembém explica que os sintomas são similares aos da ansiedade por razões diversas, como apreensão, alteração no padrão de respiração e elevação da frequência cardíaca. 

“Só que [está] direcionada às situações que envolvem contextos sociais, ou situações envolvendo contextos de avaliação de exposição, ou ainda as situações que envolvem um volume maior de pessoas, ou mesmo qualquer situação, mesmo que seja um contato mais íntimo, mas que exista a possibilidade de uma avaliação [externa].”

A diretora acrescenta que a ansiedade social costuma ser mais frequente em pessoas que já vivenciaram situações na história de vida em que foi exposta ou ridicularizada, como casos de bullying, ou que têm habilidades sociais deficitárias, como timidez ou introversão.

“Agora, por conta da pandemia, com o retorno das atividades presenciais, os contextos sociais ficaram muito marcados como perigosos, aversivos. Tem sido bastante frequente que pessoas que nunca vivenciaram sentimentos de ansiedade diante de encontros sociais ou de um volume maior de pessoas se sentirem ameaçadas. Sentirem que ali pode ser uma situação de potencial risco, e aí, a partir disso, desencadeiam-se reações de ansiedade”, afirma.