Antes de vender um terreno avaliado em R$ 10 milhões por R$ 1,5 milhão para a suposta "laranja" Mary Rodrigues Figueiredo, o prefeito de Casa Nova, Wilker Torres (PSB), teria falsificado uma concorrência pública, segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA).
De acordo com a denúncia anexada na Operação Testardi, o gestor e os outros denunciados cometeram a falsificação porque "tinham plena convicção e ciência de que ninguém fora do conluio criminoso se interessaria em adquirir o valioso terreno urbano". Para isso, lançou mão da licitação de nº 02/2019.
Os concorrentes, assegura o MP, eram pessoas simples, sem recursos financeiros para arrematar a área de 2.868,07 m², e ligadas ao prefeito.
Entre os compradores, apresentaram-se um desempregado, ex-funcionário da prefeitura de São Félix, um homem com cargo comissionado também na prefeitura de São Félix, uma empresa de pequeno porte localizada na cidade de Eunápolis e um empresário no setor de transporte de cargas.
Concorreu ainda a empresa Genesis Comunicação e Marketing LTDA, que pertence a Robson Jesus Lima. De acordo com as apurações, Lima foi funcionário da prefeitura de Ilhéus. A Genesis guarda especial relação com Wilker. Na eleição de 2020, quando conquistou o segundo mandato à frente da prefeitura de Casa Nova, o prefeito contratou a empresa, como mostra o extrato de contratações da campanha. Pelo serviço de produção de jingles e programas de rádio, televisão ou vídeo, Wilker Torres pagou R$ 12 mil.
No dia 15 de março de 2019, com o fracasso da licitação, Torres declarou “de forma livre e consciente, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem” Mary como dona do terreno.
A fraude, segundo o promotor José Emmanuel Araújo Lemos, contou com a participação de membros da Comissão Permanente de Licitação, e teve "supervisão direta" do prefeito Wilker Torres.
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