Após ter uma série de ofertas ignoradas pelo Brasil no ano passado, a Pfizer já propôs ao governo federal "iniciar no mais curto prazo possível" as conversas para a compra de vacinas contra a covid-19 visando 2022 e 2023.
O relato é feito pela cônsul-geral do Brasil em Nova York, nos Estados Unidos, embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo, sobre reunião com o vice-presidente sênior para política global da Pfizer, Jon Selib, em 27 de abril deste ano. Telegrama sobre o encontro, a convite da embaixadora, foi enviado ao Itamaraty que, por sua vez, encaminhou o documento à CPI da Covid.
“[Jon Selib] agradeceu a iniciativa do encontro e convidou o governo brasileiro a iniciar no mais curto prazo possível conversas sobre vacinas para 2022 e 2023. Mas não deixou de dizer que ficaria atento a eventuais oportunidades ainda no ano em curso”
Na conversa, Maria Nazareth afirma ter feito um "apelo para que a Pfizer priorize o Brasil no seu esforço de acelerar a produção e aumentar a oferta de vacinas contra a covid-19". Para tanto, citou o primeiro contrato fechado com a farmacêutica, em março, para 100 milhões de doses até setembro, o recebimento de doses da empresa por meio da Covax Facility e a importância do mercado brasileiro para a empresa, por exemplo.
A sugestão de Selib para que o governo passasse a negociar mais doses se embasou em alerta da OMS (Organização Mundial da Saúde) de que o novo coronavírus deve se tornar endêmico, exigindo uma vacinação periódica. Essa perspectiva de que o vírus não seja extinto, mas controlado com uma série de medidas, é citada pela própria embaixadora em seu texto.
Segundo o UOL, o Ministério da Saúde informou que o assunto está em discussão. A pasta disse que negocia com os fabricantes para a compra de vacinas contra a covid-19 para 2022, "cujas tratativas se baseiam na prospecção de cenários, incluindo riscos e benefícios dos imunizantes disponíveis e a ampliação de grupos a serem vacinados". Embora tenha sido questionado, o ministério não mencionou tratativas para 2023.
Segundo Maria Nazareth, o executivo da Pfizer afirmou que a empresa tem "interesse em seguir oferecendo vacinas e medicamentos ao governo brasileiro" e reconheceu que o Brasil é "muito importante para a empresa, um dos seus maiores mercados".
No entanto, a série de ofertas que a farmacêutica fez ao governo brasileiro, sem resposta inicial, não foi esquecida pelo executivo. O documento relata que ele "lamentou que, em meados de 2020, a Pfizer tenha procurado diversos países, 'inclusive o Brasil', e não conseguiu firmar acordos naquele momento".