Política

Episódio Covaxin é ‘maracutaia caminho das índias’ e ‘não há dúvida de tráfico de influência’, diz Otto

“A venda da Covaxin foi uma coisa inusitada na compra de vacinas"

Marcos Oliveira/Agência Senado
Marcos Oliveira/Agência Senado

Senador baiano titular na CPI da Covid, Otto Alencar (PSD) acredita que o episódio da compra da Covaxin está banhado em irregularidades. Em tom jocoso, o parlamentar disse que os senadores já batizaram o episódio de “maracutaia caminho das índias”. Hoje, a CPI ouve os irmãos Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). Eles denunciaram possíveis irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin pelo governo federal.

Luis Ricardo Miranda é chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. Ele relatou ao Ministério Público Federal e à imprensa ter recebido pressões para acelerar o processo de compra da Covaxin, da empresa indiana Bharat Biotech. A negociação está sob suspeita em razão do valor unitário das vacinas, considerado elevado, em torno de R$ 80, e da participação de uma empresa intermediária, a Precisa Medicamentos. Em entrevista ao jornal O Globo, Luis Ricardo disse ter alertado o presidente Jair Bolsonaro sobre as suspeitas. O governo nega qualquer irregularidade.

“A venda da Covaxin foi uma coisa inusitada na compra de vacinas. Para o governo Bolsonaro assinar com a Pfizer, foram 330 dias, para assinar com a Covaxin foram 57 dias. Além disso, a Covaxin na Índia, em janeiro, ainda estava na terceira fase da vacina, na avaliação de resultados. O presidente manda para o primeiro-ministro indiano uma mensagem sobre a preferência no mesmo dia que o dono da empresa estava na Índia. Depois disso, aprova-se no Congresso Nacional uma MP do governo e se bota emenda dando condição à agência sanitária da Índia ser reconhecida pela Anvisa e dando condição de aplicação da vacina. Tudo isso de forma muito rápida. Depois, 45 milhões de dólares a uma terceira empresa. Essa empresa é em Singapura, num local de mais 600 empresas-laranja. Quando o funcionário Ricardo Miranda viu a irregularidade não quis pagar, demitiram o Pazuello. Teve tráfico de influência, não tenho dúvidas”, afirmou, ao LDNotícias. 

Para o baiano, o caso se irmana com declarações do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que denunciou pedidos de “Pixuleco” ao deixar a pasta. “O foco da CPI já estava nisso. Há 15 dias eu já estava nisso. A Precisa Medicamentos vendeu preservativo feminino superfaturado”, lembrou.