Pelo menos cem civis foram mortos em Solhan, no norte de Burkina Faso, entre a noite de sexta-feira (4) e a madrugada deste sábado (5). Foi o ataque mais sangrento registrado no país desde o início da violência extremista islâmica em 2015, segundo fontes da segurança e locais.
"Durante a madrugada, indivíduos armados realizaram uma incursão mortal em Solhan, na província de Yagha. O saldo, ainda provisório, é de cem pessoas mortas, homens e mulheres de todas as idades", disse à AFP uma fonte da segurança.
O ataque e o balanço de vítimas foram confirmados pelo governo.
De acordo com uma fonte local, primeiro o ataque teve como alvo um posto dos Voluntários pela Defesa da Pátria (VDP), de apoio civil ao Exército, e "depois os agressores foram às casas dos moradores, que foram executados".
"Além do pesado tributo humano, o pior que registramos até hoje, as casas e o mercado (de Solhan) foram incendiados", declarou outra fonte da segurança, que disse temer que "o saldo, ainda provisório, aumente".
Um responsável do serviço de segurança declarou que "homens foram destacados para realizar operações de busca e proteger as populações que irão realizar a recuperação dos corpos e sepultamento das vítimas".
Um luto nacional de 72 horas foi decretado pelas autoridades, a partir deste sábado até segunda-feira (7).
Histórico violento
Solhan, uma pequena cidade localizada a cerca de 15 quilômetros de Sebba, capital da província de Yagha, perto da fronteira com o Mali, registrou vários ataques nos últimos anos.
No dia 14 de maio, o ministro da Defesa, Chériff Sy, e membros da hierarquia militar foram a Sebba e garantiram que a situação havia voltado ao normal, após inúmeras operações militares.
Este último ataque sangrento cometido por supostos extremistas islâmicos foi realizado pouco depois de outro, também na noite de sexta-feira (4), em um vilarejo na mesma região, Tadaryat, onde pelo menos 14 pessoas, incluindo um membro dos VDP, foram mortas.
Os ataques acontecem uma semana depois de dois outros atos violentos na mesma área, nos quais quatro pessoas, incluindo dois membros dos VDP, foram mortas.
Nos dias 17 e 18 de maio, 15 moradores e um soldado foram mortos em dois ataques a uma aldeia e uma patrulha no nordeste do país, segundo o governador da região.
Desde 5 de maio, diante do aumento da violência terrorista islâmica, as forças armadas lançaram uma operação em grande escala nas regiões norte e do Sahel.
Apesar do anúncio de inúmeras operações desse tipo, as forças de segurança têm dificuldades em conter a espiral de violência, que deixou mais de 1.400 mortos e mais de um milhão de desabrigados desde 2015.