A baiana Mônica Veloso entrou na lista dos recordistas brasileiros (RankBrasil) por ser a primeira paratleta a concluir a travessia Mar Grande-Salvador (Baía de Todos-os-Santos).
O feito da nadadora ocorreu em 1997, quando realizou o percurso em 3 horas e 50 minutos. Já no ano de 1998, ela também completou a prova. Dessa vez em um tempo menor. Mônica fez a travessia em 3 horas e 36 minutos. Conforme o RankBrasil, o trajeto do percurso é de 12 km em linha reta, mas como o atleta precisa sair da rota para driblar as marés, nada aproximadamente 2 km a mais.
Mônica vê nas correntes marítimas o maior obstáculos para os paratletas. "Como não bato as pernas, tenho que vencer esse desafio no braço. Meu grande diferencial foi procurar o melhor percurso, com correntes mais favoráveis", explica.
Aos 56 anos, a recordista já completou 210 maratonas desde 1985. Além do Brasil, ela já participou de provas nos Estados Unidos, Costa Rica, México, Argentina, Alemanha e Chile. "O mar me atrai principalmente porque muitas vezes o mesmo percusso é diferente a cada maré", conta.
Ela ainda revela que nadar em piscina é mais difícil por não conseguir cair no bloco de largada, fazer virada olímpica e nem dar impulsos com as pernas. "No mar eu me sinto mais livre, sem monotonia. É tudo de forma imprevista: é necessário superar etapa por etapa, a cada metro".
Dificuldades
Formada em Licenciatura em Desenho e Plástica pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), a baiana já atuou como professora por 14 anos.
Na infância teve poliomielite e, ainda criança, começou a nadar por recomendação médica. A doença comprometeu os membros inferiores de Mônica. Ela já usou órtese – um tipo de equipamento que auxilia na locomoção -, progredindo para muletas e, atualmente, precisa de cadeira de rodas para se locomover.
Para a baiana, a acessibilidade é a principal dificuldade dos deficientes no país, além de ausência de políticas públicas de saúde e a falta de equipamentos de qualidade para garantir a mobilidade das pessoas.
Como paratleta, ela reclama da falta de estrutura de treinamento e recursos para uma boa preparação. "O paratleta no Brasil encurta sua carreira por falta de estímulo e de uma política que garanta a competitividade por mais tempo", desabafou Mônica.
Foto: Reprodução/A tarde