Estão suspensos os atendimentos de novos pacientes no Centro de Hemodiálise do Hospital Calixto Midlej, em Itabuna, região sul da Bahia. Segundo a diretoria da instituição, depois de acumular dívidas por atender pessoas de outros municípios, que não têm convênio com a prefeitura, não há possibilidade em criar novas vagas.
A rotina dos pacientes que sofrem com problemas renais é com a utilização do aparelho de hemodiálise que filtra o sangue. Eles têm que se submeter a esse procedimento, que dura quatro horas e precisa ser repetido pelo menos três vezes por semana. Rafael Santos Araújo tem 14 anos e há seis meses descobriu o problema nos rins. Ele viaja 106 quilômetros da cidade de Ibicuí até Itabuna para fazer a hemodiálise.
"Antes eu corria, brincava, e agora eu não posso mais brincar de bola. Agora ficou difícil. Antes eu estudava de manhã e agora eu não posso", relata o jovem, que precisou deixar a escola por causa do tratamento.
A rotina dos 300 pacientes que se tratam na unidade de saúde é parecida. Muitos vêm de longe. Existe um aparelho que pode ser fornecido para o tratamento em casa, mas é caro, e o hospital não tem condições de fornecer. A doença renal é crônica, progressiva e irreversível. Até que os pacientes consigam um doador compatível, precisam fazer a hemodiálise, e a cada dia novos casos surgem.
Suspensão
Em Itabuna, por causa de problemas financeiros, o único centro de hemodiálise da cidade parou de atender novos pacientes e, de acordo com o hospital, o atendimento dos que estão na unidade já está comprometido. "A prefeitura tem pago por um número fixo de pacientes, sendo que a entrada de pacientes é maior do que ela estipula. Então, a falta desses pagamentos, desequilibrou completamente as finanças do serviço", revela Neide Vinhático, diretora do serviço de hemodiálise do hospital Calixto Midlej.
"O serviço de hemodiálise da Santa Casa é para atender 22 municípios. Ele é cadastrado no Ministério da Saúde para atender essa região geográfica. Esses pacientes internados, registrados e cadastrados no programa da hemodiálise da Santa Casa, ficam fora dessa área. Por exemplo, Itapetinga, lá é outra região. Então, isso cai para o município de Itabuna", diz Paulo Bicalho, secretário de Saúde da cidade.
Ele ainda informou que está em Salvador para apresentar ao secretário estadual da Saúde um pedido de transferência dos pacientes irregulares, que não fazem parte das 22 cidades que têm convênio com Itabuna. Assim que as transferências começarem, novos pacientes vão ser atendidos, mas só com autorização da secretaria de Saúde.
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